Entre os anos 1970 e 1980, vários filmes redefiniram o gênero de ação, e MAD MAX (1979), uma barata produção independente australiana, foi um deles. Dirigido por George Miller, que anos depois faria carreira no cinemão com filmes tão diversos como AS BRUXAS DE EASTWICK (1987), O ÓLEO DE LORENZO (1992), BABE – O PORQUINHO ATRAPALHADO (1995) e HAPPY FEET – O PINGUIM (2006), MAD MAX insere a temática da justiça pelas próprias mãos, tão em voga no período, em um futuro próximo. É uma produção claramente de baixo orçamento, porém bem estruturada e com cenas de perseguições automobilísticas então sem precedentes. O tom cru da narrativa, pontuado pela por vezes exageradamente rascante, por outras totalmente antiquada trilha sonora do falecido Brian May, gerou à época grande impacto nas plateias, que não tinham dúvida de estar frente a um filme de ação incomum.
Após ter sua distribuição internacional garantida, MAD MAX fez grande sucesso, o que levou a uma continuação lançada em 1981, MAD MAX 2: A CAÇADA CONTINUA, a obra-prima da colaboração Miller/Gibson que inaugurou um subgênero muitíssimo imitado e nunca igualado: o dos filmes de ação ambientados em um mundo pós-apocalíptico. Como MAD MAX fizera mais sucesso em outros países do que nos EUA, MAD MAX 2 foi lançado naquele mercado com o título de THE ROAD WARRIOR (O Guerreiro das Estradas). Seja por isso ou por suas qualidades intrínsecas, o filme fez muito mais sucesso que seu antecessor, lançando os fundamentos para as carreiras hollywoodianas tanto de Miller como de seu astro, Mel Gibson. Esta continuação supera em todos os aspectos o original, inclusive na violência, e algumas de suas façanhas com dublês até hoje não foram igualadas. Como bem salienta o crítico de cinema Leonard Maltin, MAD MAX 2 é basicamente uma incansável perseguição, que culmina na antológica caçada ao caminhão tanque dirigido por Max, que dura 13 minutos. A trilha sonora é novamente de Brian May, porém dessa vez ela é bem melhor acabada, mais ritmada e épica, impulsionando a ação em alta velocidade e dela tornando-se parte indissociável.
De olho no mercado norte-americano, a segunda, mais fraca e menos violenta continuação, MAD MAX 3: ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO (1985) coloca Gibson dividindo o estrelato com a veterana cantorapop Tina Turner, que se sai bem como a vilã. Mantendo o visual pós-apocalíptico consagrado em MAD MAX 2, o filme se sai muito bem em seu terço inicial, que culmina no antológico combate na Cúpula do Trovão. No entanto, após Max ser abandonado no deserto e ser encontrado pelo grupo de crianças e adolescentes abandonados em um oásis, o longa sofre uma brutal quebra de ritmo e ganha ares “spielberguianos”, com a ação retornando apenas em seu segmento final, onde Miller (que delegou parte da direção a George Ogilvie) tenta sem sucesso recriar a perseguição final de MAD MAX 2. Hoje este terceiro MAD MAX, onde na trilha sonora Brian May foi substituído pelo oscarizado compositor francês Maurice Jarre, é mais lembrado pela canção dos seus créditos finais “We Don’t Need Another Hero”, cantada por Tina Turner.
Após o resultado morno de MAD MAX 3, quase vinte anos se passaram e a franquia parecia tão extinta como o mundo do futuro. No entanto, Miller já encerrou as filmagens de um quarto filme, MAD MAX: FURY ROAD, que em 2014 chegará às telas mundiais, dessa vez trazendo Tom Hardy como Max e Charlize Theron como vilã.