Crítica sobre o filme "Em Transe":

Rubens Ewald Filho
Em Transe Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/05/2013
Fiquei impressionado com as criticas negativas que este filme teve nos Estados Unidos, agora na sua recente estréia limitada (ate agora não foi além dos  2 milhões e cem mil dólares de renda) se considerando que é o novo trabalho do vencedor do Oscar Danny Boyle (de Quem Quer ser um Milionário) e que foi rodado durante um intervalo dos preparativos que duraram dois anos quando ele planejou e depois dirigiu as brilhantes cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres (inclusive o ponto alto que foi a participação de James Bond e a Rainha). 
 
Estava todo animadinho para ver o que seria este thriller de suspense, conduzido por Boyle que é provavelmente o grande mestre dos filmes visualmente brilhantes e espetaculares , sempre criando novas soluções de imagem, edição  e momentos de violência. Boyle desde Trainspotting criou um novo estilo em que embarcaram outros (como o ex-marido de Madonna, Guy Ritchie). Todo filme seu é um exercício de estilo e este não fica atrás. Ele convocou James McAvoy de volta a Inglaterra (que na America esteve no X Men, no O Procurado, mas antes disso estrelou também o cult Desejo e Reparação) para fazer o protagonista um certo Simon,  que é o narrador, um  empregado de loja de leilões de quadro famosos que esta para vender um famoso trabalho do espanhol Goya. Para prevenir roubos, e a perda de vidas humanas, Simon é treinado para fugir com a pintura e esconde-la num largo determinado. Dito e feito, uma quadrilha assalta o lugar, provoca pânico e incêndio, enquanto Simon age como o previsto. Ou não? (a quadrilha é liderada pelo francês e brasileiro Vincent Cassel, já que vive parte do ano no Rio de Janeiro).
 
Num filme deste tipo nada é o que parece. O roteiro é muito bem armado, mas ao mesmo que não se da conta de detalhes importantes (por exemplo, um cadáver em decomposição é deixado em  um carro num estacionamento durante algum tempo e ninguém percebe ou sente ou denuncia). Também é muito arriscado usar como base da trama o hipnotismo  que era uma arma muito explorada no cinema de mistério dos anos 20,30 e 40. Ou seja, além de super explorado, caiu em desuso porque ficou desacreditado. Mas o script aqui quer nos fazer crer que quando Simon quer lembrar o que fez com o quadro pressionado pelos ladrões, não consegue recordar e vai pedir ajuda a uma médica que pratica hipnose (o melhor trabalho que já vi da exótica Rosario Dawson). Naturalmente os dois se envolvem mas isso não é da missa a metade, como se dizia antigamente. A historia vai se complicando, com reviravoltas (sempre com ação e violência) das mais mirabolantes possíveis. Não que não de para entender, é que tanta coisa, tanto absurdo a gente acaba se desinteressando. A única polemica que resta é resolver se este é o pior filme ao menos desde daquele horrível Por uma Vida Menos Ordinária (97).