Crítica sobre o filme "Somos Tão Jovens":

Rubens Ewald Filho
Somos Tão Jovens Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/05/2013
Esta estreando finalmente a tão aguardada biografia de Renato Russo, da Legião Urbana mas também da explosão de grupos de rock que sucederam em Brasília nos anos 1970. Não sou capaz de prever a reação dos fãs do grupo mas achei o filme digno, bem realizado, interessante. Traz de volta o diretor já veterano Antonio Carlos Fontoura (que teve dois momentos importantes em sua carreira com Copacabana me Engana (68) e A Rainha Diaba (74) (inspirado em Madame Satã) para depois se dedicar ao trabalho na Rede Globo e um escandaloso Espelho de Carne (84). Embora nos créditos, afirme que a historia é romanceada e tomam-se  muitas liberdades, nas entrevistas ele deixou claro que o projeto era autorizado pela família de Renato (que estava sempre presente) que não queria um novo Cazuza, ou seja, a historia de um roqueiro drogado e homossexual que morreu de Aids. 
 
Assim a gente conhece um Renato ainda jovem, na escola e de gay tem certos trejeitos que Tiago Mendonça lhe deu (não conheci o biografado e, portanto não sou capaz de avaliar a que ponto era ele amaneirado). Fala-se que ele gosta de meninos e meninas mas sua paixão ainda que atormentada aqui é sua melhor amiga, chamada de  Ana Claudia e interpretada por uma competente e sensível Laila Zaid (que não vi em suas aventuras por Malhação, Bela, a Feia, Tainá 3, e As Brasileiras). Ele tem um rápido e superficial romancezinho com um fã mas ate isso é mostrado de passagem  e  dando a entender que era mais espiritual que físico. Mas não perturba muito porque o filme mostra apenas o começo da sua carreira até os primeiros êxitos, não vai muito mais adiante. Porém não deixa de pintar o retrato de um garoto talentoso mas complexado, que adora usar frases em inglês (não se explica o porque disso!) cheio de verdades, de difícil convívio que a principio se interessa pelo movimento punk ate encontrar sua própria voz.
 
O ator Tiago (que foi o irmão mais novo de  Dois Filhos de Francisco) convence como o protagonista embora eu tenha tido um choque ao final quando o filme tem um corte meio abrupto e entra uma cena autentica do verdadeiro Renato,  que é muito mais alto, corpulento, e não tão parecido assim com Tiago. Ou seja, o tipo físico é bem diferente. Vão aceitar isso? Não sei. Mas me pareceu bem contada a historia dele com a família, com os colegas sempre em discussões e polemicas  (eu gostei particularmente da naturalidade de todos em particular do Bruno Torres (que faz Fê Lemos) que é filho do diretor Geraldo Moraes. Mas também me deixa a triste sensação de que deixaram de fora a melhor parte. São os excessos e os extremos que as pessoas gostam de ver e discutir. Reclamo também de letreiros mais completos ao final comentando o destino de cada um deles.