OBLIVION, o segundo longa-metragem do diretor Joseph Kosinski (TRON – O LEGADO) é uma raridade entre os blockbusters contemporâneos de ficção científica: não é uma continuação, possui um argumento original, não é baseado em quadrinhos de super-heróis e, ao final, conclui a história que conta e não deixa ganchos para uma sequência. Isso não evitou que boa parte da crítica apontasse a “falta de originalidade” do filme, como se elementos narrativos não fossem repetidos e reciclados pelo cinema há décadas.
É claro que em OBLIVION encontramos paralelos com muitas obras do gênero precedentes, como O PLANETA DOS MACACOS, WALL-E, INDEPENDENCE DAY e até mesmo os filmes do jovem diretor Duncan Jones. Mesmo assim Kosinski conseguiu usar essas referências para criar um filme que foge do padrão das aventuras de ficção científica que são lançadas anualmente nos cinemas e, em que pesem as opiniões contrárias, discute de forma interessante questões existenciais e tem um final que emociona e ajuda a deixar gravados na memória do espectador momentos, imagens e sons bem concatenados.
Como TRON – O LEGADO, OBLIVION é um espetáculo visualmente impressionante que é acompanhado por uma inspirada trilha incidental que combina sonoridades eletrônicas e orquestrais. Mas dessa vez, no lugar do Daft Punk, temos outro duo francês de electropop, o M83, em parceria com o compositor e arranjador Joseph Trapanese (que também participara do filme anterior).
Inserido no belo espetáculo audiovisual do longa temos um elenco claramente dominado pelo astro Tom Cruise, que está se especializando em aventuras de ficção científica – seu próximo filme será EDGE OF TOMORROW, que mais uma vez irá coloca-lo às voltas com alienígenas. Morgan Freeman é, para variar, um coadjuvante de luxo, e a interessante Andrea Riseborough rouba a cena de Olga Kurylenko. Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister da série GAME OF THRONES, também marca presença, ainda que em papel sem relevância para a trama.
OBLIVION pode ter seus problemas, como a quebra de ritmo em sua seção intermediária e revelações que, para os mais experientes fãs do sci-fi, não serão muito surpreendentes, mas nunca chega perto de ser um mau filme. No máximo é uma obra que não atinge todas as pretensões do seu autor, que no entanto merece parabéns por sua ambição. Posso estar enganado, mas até por considerar OBLIVION uma das boas surpresas de 2013, Joseph Kosinski parece estar no caminho certo