Crítica sobre o filme "Massacre da Serra Elétrica 3D, O - A Lenda Continua":

Rubens Ewald Filho
Massacre da Serra Elétrica 3D, O - A Lenda Continua Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/05/2013
Já foram tantos os filmes da série que fica difícil entender onde se situa esta nova realização, a primeira em 3D (pelo jeito foi transformado no sistema depois de pronto, porque as cenas parecem solucionadas com CGI. Tem sangue jorrando na platéia, um serra que abre um caixão pelo ponto de vista de quem esta dentro dele e um serralheira jogada na tela. Nada de importante ou marcante). O filme original foi de 1974 e durante anos teve problemas com a censura, porque era muito gore, sanguinolento, explicito para a época. No Brasil só saiu em Home Video e assim mesmo atrasado. Ao menos dez anos (nesse meio tempo ao menos ficou famoso e falado por aqui). Foi proibido pela censura na Inglaterra, Alemanha e Finlândia). Quem dirigiu e criou o original foi Tobe Hopper (que Spielberg chamou para Poltergeist, seu único filme notável fora este). Nativo de Austin, Texas, ele era professor universitário de Historia, diretor de documentários e não há base para a lenda de que a historia foi inspirada em fatos reais (Tobe teve a idéia do filme numa loja de ferragens quando viu uma serra elétrica, ate então não muito conhecida). No máximo houve a influencia do caso do serial Killer Ed Gein, o mesmo que inspirou Psicose de Hitchcock.
 
O primeiro Massacre era muito talentoso e tinha imagens realmente assustadoras e estranhas como o herói que era chamado de Leatherface (cara de couro) e que nesta versão tira a pele do rosto dos mortos para usar em cima de seu rosto queimado e marcado! E assustava mesmo ao contrário deste patético filme trash (Lixo) que custou vinte milhões de dólares e não rendeu mais do que 33!. O fato de que a  paisagem lembra a Louisiana é porque o filme foi rodado lá (benefícios fiscais) e não no Texas! O original vejam que curioso foi distribuído pela firma Bryanstrom que hoje se sabe era uma fachada para a Máfia!
 
Enfim, o primeiro era de 74 e foi seguido pela Parte 2, em 86, a Parte 3 em 90, o Retorno em 94. Embora fosse refilmagem mais que continuação, este é mais notável porque tem no elenco os texanos e futuros astros Renee Zellwegger e Matthew McConaughey, e foi dirigido por Kim Henkel, que era co roteirista do original. Mas não para por aí, temos ainda outra versão em 2003 (com Jessica Biel e Jonathan Tucker) e outra ainda em 2006, O Massacre... O Inicio (com a brasileira Jordana Brewster).  
 
O diretor aqui é um tal de John Luessenhop que não demonstra qualquer talento (fez Ladrões, 10, com Matt Dillon e Hayden Christensen) mas o pior são os roteiristas (são 6 creditados por script e personagens) que não percebem o básico. Eles querem usar uma ironia discutível que é a carta que a mocinha Heather recebe logo ao chegar a casa que herdou. Qualquer pessoa normal leria  o conteúdo da carta e teria curiosidade enorme em ver todas as dependências. Mas eles deixam na casa sozinho um caronista que mal conhecem (que naturalmente é um ladrão e acaba se tornando a primeira vitima antes que tenha tido tempo para dizer a que veio no filme). Enquanto os dois casais tem enorme pressa de ir fazer compras num supermercado!!! Outra coisa irritante: a melhor amiga de Heather Nikki tem um furor uterino inexplicável de tal forma que ela faz questão de transar com o namorado negro da amiga a qualquer custo, ate no feno! E a Heather nem percebe nada! Tem outras besteiras mais graves (como Heather pode ter uma tatuagem da família no peito quando era apenas um bebezinho!). Também reclamo que não deram um final para o personagem do policial que é vivido por Scott Eastwood que é muito parecido com seu pai Clint quando jovem! Outra coisa: se a ação se passa em tempo atual, ela teria perto de 40 anos e seria tão jovem e lampeira (isso foi o Hollywood Reporter quem notou, não eu). De qualquer forma, o fato de fazerem pouco é bom porque o elenco é formado por péssimos atores e coadjuvantes. 
 
Embora os fãs da serie possam achar alguma graça em certos detalhes, como planos que homenageiam o original  (o tatu morto na estrela) e o fato de quem nada menos do que 4 atores do primeiro filme aparecem aqui em diferentes papeis. Marilyn   Burns que fez Sally agora interpreta Verna. Gunnard Hansen que foi Leatherface retorna como Boss Sawyer no começo do filme. Também nessas primeiras cenas aparece John Dugan que faz o mesmo avô nas duas versões. Bill Moseley que era Chop Top agora virou o cozinheiro Drayton Sawyer.
 
 O plano original era fazer uma trilogia (que começaria pelo segundo filme que se passaria totalmente num hospital) mas acharam que era muito risco e ficaram apenas com esta continuação.  O fato de que o filme não foi exibido nos EUA para a crítica é sintomático. Tudo nele é do time de reserva. Direção medíocre, trilha banal, fotografia escura, interpretações horríveis e cenas grotescas (no A Morte do Demônio ainda tinha algum sentido porque era obra do Demônio, ou seja, do outro mundo. Aqui é puro carniceiro).  Um detalhe: os fatos do primeiro filme aparecem durante os letreiros.