Crítica sobre o filme "Trapaça":

Rubens Ewald Filho
Trapaça Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/02/2014

Vencedora do Globo de  Ouro de melhor comédia e atrizes (Amy Adams e Jennifer Lawrence como coadjuvante),  este novo filme de David O. Russell  é um sucesso de bilheteria e crítica (para um orçamento de 40 milhões de dólares, já rendeu ate agora 117 milhões só nos EUA). E uma prova da impressionante reviravolta que Russell deu ano passado com O Lado Bom da Vida (Oscar® de atriz  para Jennifer, indicado como diretor e roteiro) e na verdade um pouco antes como O Vencedor (The Fighter) que deu Oscar® para Christian Bale (que por sinal esta extraordinário aqui , a cena da peruca no começo é ótima, onde se revela também como engordou para o papel o que lhe valeu problemas como hérnia de disco!). 

Em quatro anos, deixou de ser um diretor com fama de chato e criador de caso, para evoluir como um criador de uma comédia social, crítica, que lhe valeu 10 indicações (mas tem pela frente o Alfonso Cuaron de Gravidade e o 12 anos Como Escravo).

Feito rapidamente basicamente com o mesmo elenco do filme anterior, é outro dos filmes sobre fatos reais, mais um vigarista e sua turma, só que em ação nos anos 70, Irving Rosenfeld  (Bale), que ao lado de sua parceira inglesa chamada Sidney (a sempre encantadora Amy Adams)  depois de varias trapalhadas, é forçado a trabalhar para um agente do  FBI, Richie (Bradley Cooper, novamente acertando), num plano para gravar depoimentos e comprometer mafiosos e corruptos de Nova Jersey.

O mais interessante é que a ação se passa numa época onde parece mentira, mas as pessoas se vestiam de maneira muito exótica e o filme no fundo é um thriller policial bem humorado na linha “ladrão que rouba ladrão”. Na verdade o roteiro se inspira no caso Abscam (ou Arab Scam)  que foi, até meados dos anos 80, uma operação do FBI que começou investigando propriedades roubadas para depois expandir para incluir corrupção policial. Ia ser feito ainda nos anos 80 como Moon Over Miami, mas foi cancelado com a morte de seu astro que iria ser John Belushi.

 O segredo do diretor parece ser deixar seus atores improvisarem e como já há uma empatia entre eles, fica tudo mais fácil. Assim a briga no quarto entre Jennifer e Bale foi totalmente improvisada (e o resultado é impressionante, aliás Jennifer eu acho incrível e espetacular na cena. Ainda que ganhar dois Oscars® seguidos seria considerado exagerado ainda mais com Lupita também merecendo o premio). Russell justifica que o que importa para a ele não é tanto a história, mas os personagens, que estes sejam interessantes. Além disso, todos os personagens foram escritos especialmente para esse elenco!