Crítica sobre o filme "Alabama Monroe":

Edinho Pasquale
Alabama Monroe Por Edinho Pasquale
| Data: 08/02/2014

Este filme é a indicação oficial da  Bélgica para o Oscar® de produção estrangeira deste ano, foi bem recebida em Berlim (ganhou o prêmio do publico do Panorama) e ganhou os prêmios da Competição Oficial e do Público no Festival de Quebec.  Não é exatamente uma história nova, já houve vários outros filmes semelhantes até com a mesma situação: um casal que enfrenta a situação trágica de verem sua filha pequena (e adorável) sofrer a lenta agonia da morte pela leucemia. A diferença é que o diretor Felix van Groeningen (em seu quinto longa, mas o primeiro que vemos comercialmente aqui) com a ajuda do roteirista Carl Joos dissolveu o melodrama numa sucessão de números musicais (o casal começa se apaixonando, ela com o corpo todo coberto de tatuagens e depois de juntos, passam a cantar num conjunto de música Blue Grass, o caipira norte-americano) e numa narrativa um pouco caótica, sucedendo presente e passado de forma por vezes surpreendente. Ajudado por uma bela fotografia e dois excelentes atores, em particular Veerle Baetens (por este filme foi a melhor atriz no Festival de Tribbeca), supera os clichês e emociona. O que explica o fato de ter sido um grande sucesso em sua terra natal.   E ao contrário das produções americanas não tem problemas com nudez. Ou cenas de sexo. Parece que o roteiro foi inspirado numa peça teatral concebida pelo ator Johan Heldenbergh (que foi um dos astros de The Misfortunates no filme anterior desse mesmo diretor) e  Mieke Dobbels que consistia em performances de canções bluegrass com uma triste história de amor.  Mas foi totalmente reinventado para a tela.

Um crítico chegou a dizer que o filme parece ter sido feito de fotografias do passado jogadas a esmo, sem um rígido fio condutor (ate porque a menina já morre na metade do filme, o que não impede outras sucessões dramáticas). O curioso é que isso não o deixa  tele novelesco (mas recorda um pouco Namorados para Sempre/ Blue Valentine, 10).  A história se desenrola na cidade belga de Ghent  entre 1999 e  2006,  mas resulta atemporal. O universo deles não é digital e se resume a presença de 11 de setembro e a figura do presidente Bush (outra curiosidade, não se fala em dinheiro).

O filme poderia comportar outros comentários, mas o importante é embarcar nele, se deixar levar pela direção envolvente e criativa e principalmente pelo casal central.

Ficou entre os 5 finalistas do Filme estrangeiro no Oscar®. Não seria uma má alternativa.