Crítica sobre o filme "47 Ronins":

Rubens Ewald Filho
47 Ronins Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/02/2014

Ao custou de 150 milhões de dólares, esta aventura que a Universal rodou em Budapeste e nos estúdios de Shepperton, depois de sucessivos adiamentos estreou no fim do ano passado no Japão onde foi um retumbante fracasso (custou 175 milhões de dólares e depois nos EUA mal chegou a 35 milhões de bilheteria apesar de sair em 3D). A princípio achei que poderia ser porque afinal de contas a historia real em que foi baseada já foi levada diversas vezes ao cinema, houve pelo menos outras versões famosas, sendo que a de Inagaki, Os Vingadores, de 62, e de Kon Ichikawa, 94, e ainda mais clássica de Mizoguchi, de 41 a Vingança do 47 Ronin, saíram no Brasil em DVD numa excelente edição da  Versátil.

Na verdade é outro exemplo da soberba dos americanos em não respeitar a cultura alheia. Achando que podem mudar tudo e ficar por isso mesmo. Assim porque queriam fazer o filme com Keanu Reeves (que é mestiço de havaiano) no papel central - e que não existe na lenda origina l- mudaram tudo conforme seu prazer. Se tornando algo como um velho  faroeste onde um mestiço sofre por não tem pátria até se decidir que lado tomar, ainda um pouco mais complicado porque ele convive com os fantasmas). Como já sabemos que Keanu mesmo chegando aos 50 anos este ano, continua aquela figura impassível de sempre, não se pode esperar grandes interpretações.
 
Podem me explicar porque chamaram um diretor que antes fez apenas publicidade e curtas, sem a menor experiência com a cultura oriental (não conseguiu encontrar a informação mas parece que ele é britânico)? É natural que os japoneses tenham se sentido traídos, quando a maior parte da história é em cima de um estrangeiro (Keanu), que gosta da princesa mas naturalmente não pode ficar com ela (também é recíproco o amor). Quando ela é prometida para outro senhor (era na época dos samurais que trabalhavam para senhores de feudos pequenos ou maiores) a situação vai se complicar. O chefe dos samurais ofendido em sua honra (Oishi) vai procurar vingar o seu clã e convoca o herói Kai que está escondido entre piratas. Então obviamente você já sabe o final com sucessão de harakiris (mas quem já viu um similar japonês vai achar risível esta cópia mal feita deste ritual sagrado dos samurais).
 
Não digo que o diretor não tenha feita seu trabalho de casa pesquisando filmes japoneses (tem seus momentos de Kurosawa), mas não tem os momentos eletrizantes das lutas chinesas de kung fu, nem a precisão quase de balé dos japoneses. Francamente não há porque ver de novo e piorado.

De todo o elenco a única figura que tem certo charme é a feiticeira (raposa) que é interpretada pela encantadora Rinku Kukichi que foi indicada ao Oscar por Babel (e esteve também em Círculo de Fogo). Minto: a outra mocinha também é charmosa (Ko Shibasaki) e tem jeito de virar estrela.