Crítica sobre o filme "Robocop - O Policial do Futuro":

Jorge Saldanha
Robocop - O Policial do Futuro Por Jorge Saldanha
| Data: 03/03/2014

Esqueça as duas continuações e as fracas adaptações feitas para a TV (que incluem um desenho animado): Robocop merece ser lembrado principalmente pelo memorável filme dirigido por Paul Verhoeven em 1987, uma das realizações que definiu a moderna ficção científica de ação. Mesmo sem basear-se em um personagem dos quadrinhos, o filme adota o visual e a linguagem do meio, então muito influenciado pelo clássico O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller (que, não por coincidência, escreveu o roteiro de ROBOCOP 2).

Utilizando crítica social, humor, violência, efeitos stop motion de Phil Tippett, maquiagem de Rob Bottin e uma das melhores trilhas sonoras do falecido Basil Poledouris, Verhoeven narra sua história com divertidas interferências da mídia, representada pela dupla de apresentadores do telejornal Media Break. O futuro mostrado na tela é sombrio, e reflete as principais preocupações da época em que o longa foi realizado: a crescente violência urbana, o domínio das grandes corporações e até mesmo a paranoia nuclear.

Eletrizante e violento, ROBOCOP – O POLICIAL DO FUTUROtambémé uma diversão inteligente, onde, em meio à luta de Murphy para resgatar sua humanidade após ser colocado em um corpo mecânico, o capitalismo e a sociedade de consumo são impiedosamente satirizados por Verhoeven. A ironia maior é que o personagem, nas sequências para cinema e TV e, infelizmente, também na esforçada mas irrelevante refilmagem do diretor brasileiro José Padilha, foi sendo suavizado e pasteurizado, a fim de tornar-se, também, mais um produto de rápido consumo.