Crítica sobre o filme "Sem Escalas":

Rubens Ewald Filho
Sem Escalas Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/03/2014

Não deixa de ser curioso que aos 61 anos, depois de sofrer o abalo da morte da bem amada mulher Natasha Richardson em triste acidente de esqui, Liam tenha mergulhado no trabalho e em consequência continua a ser o favorito dos astros de filmes de ação (tudo começou com Busca Implacável/Taken, 2008 e desde então repete tanto a fórmula quanto a época do ano!). Nem os boatos de seu alcoolismo estão atrapalhando e este novo thriller foi bem de bilheteria lá fora (não sei se por aqui não era melhor ter esperado passar o Carnaval!). Quem assume a responsabilidade pelo sucesso é justamente o diretor espanhol Jaume que ficou famoso com A Orfã (Orphan, 2009), fez também com Liam Desconhecido (Unknown, 2011) e Run All Night, que está sendo rodado.

Claro que eu fiz uma besteira fui ver o filme pouco antes de partir para o aeroporto pegar o avião de volta para o Brasil. Nem me toquei que era filme de desastre de aviação (mas pensei sim que ele nunca seria exibido a bordo!). Não fiquei tão impressionado assim, mas achei o filme correto, prende sempre a atenção ainda que ao final meio confuso tivesse que parar para pensar: afinal quem é mesmo o bandido?

Liam faz um daqueles “marshalls” federais que dizem existir em todos os voos (ao menos nunca os vi) para evitar possíveis sequestros ou atentados. Liam é Bill Marks, que tem problemas com bebida e com um trauma que depois se explicara (a perda da filha pequena com câncer). Ao partir relutante para uma missão, o roteiro faz questão que ele esbarre com todos os possíveis suspeitos (não se preocupe não é nada óbvio!). Basta dizer que há um bandido que lhe manda mensagens ameaçando uma morte em breve e ele procura descobrir quem poderia ser o criminoso. Julianne Moore, sempre conservada e encantadora, faz uma vizinha de cadeira que parece prestativa demais. A aeromoça central é a inglesa Michelle Dockery que você conhece como a herdeira principal de Dowtown Abbey. Mas para se ver como a vida de atriz é dura quem faz a outra aeromoça é justamente a vencedora do Oscar® de coadjuvante deste ano, a mexicana Lupita (que faz pouco mais que uma figuração!). Tem ainda Corey Stall que foi um vilão de primeira em House of Cards.

Reclamo geralmente que os filmes hoje em dia não explicam mais nada, deixam tudo no ar. Isso não sucede aqui, onde todo mundo conta tudo, em detalhes (até bandido ao querer matar o mocinho!). Inclusive unindo pares românticos. Mas isso é o de menos. O competente diretor mantém a tensão, a curiosidade, a ameaça de queda do avião é bem realizada (estou tentando não revelar muito). Acaba sendo uma boa diversão.