Crítica sobre o filme "300: A Ascensão do Império":

Rubens Ewald Filho
300: A Ascensão do Império Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/03/2014

A sensação inevitável é de “déjà vu”. Já vimos esse filme antes e se chamava 300 e era bem melhor, ao menos era novidade. O diretor Zach Snyder depois disso foi se repetindo em filmes parecidos enquanto outros simplesmente o imitaram (com mais sexo, como sucedeu com a série de TV Spartacus). Aquele visual esquisito e sanguinolento (aqui há momentos de pura sinfonia de membros e cabeças decepadas) se repete, mas desta vez Snyder (que eu considero um dos piores diretores em ação no momento) virou apenas roteirista e produtor. Originalmente deveria se chamar Xerxes, que é o nome do rei da Pérsia feito por Rodrigo Santoro (aqui neste filme, dublado de maneira exagerada, ele surge no começo e depois no final mas não morre, não sei se na esperança de ter mais uma sequel ). O fato é  que a história seria baseada numa outra graphic novel (como o primeiro) do mesmo autor, o famoso Frank Miller. Só que ate hoje ela não ficou pronta e não foi editada, portanto a historia do filme é original, no sentido de não seguir qualquer outra (Rodrigo parece que rodou tudo sozinho num estúdio na Bulgária! Diante da projeção verde e segundo ele lendo livro de Heródoto! Ele ficou tão forte que fiquei com a impressão de que colocaram a cabeça dele em outro corpo! Perdoe-me Rodrigo se errei, mas foi a sensação, um pouco também porque podiam ter lhe dado um papel mais substancial - o letreiro aparece “ e... Rodrigo”).

Este é ao mesmo tempo um prólogo e uma continuação. Na primeira parte, conta-se tudo o que teria dado a situação dos 300 de Esparta (Gerard Butler aparece em alguns planos mas ele recusou o filme dizendo que não era a sua,  e todo o enfoque foi mudado para a cidade rival, no caso Atenas, e o chefe dela, Temístocles). Mostra-se como o Rei Darius é morto e seu sucessor Xerxes caiu sob a influencia de uma semi bruxa Artemisia, que preparou o futuro rei para ser controlado por demônios (nem isso fica muito claro, nem também porque os dois brigam no final, quando precisam um do outro).

A melhor coisa do filme brincando é justamente Eva Green, que faz Artemisia com seu tipo exótico de Bond Girl (pena que aparece pouco porque tem uma figura forte, que nada lembra a mãe dela que foi estrela na França nos anos 60,a ruiva Marlène Jobert de O Passageiro da Chuva. A cena em que seduz Temístocles é bem sugestiva). O problema do filme é que entre o prólogo e a conclusão há uma enorme barriga, onde nada de importante acontece e fica uma enrolação dispersiva.

Para mim o grande problema é que o orçamento que seria de 100 milhões (mesmo assim já passou dos 60 milhões !!!) não sei onde foi usado porque faz tempo que eu não via um elenco tão feio e ruim (ao menos desde Hércules, já que eu não fui ver Pompeia!). Parece que escalaram os atores nas ruas da Mesopotâmia chegando ao cúmulo de por como Temístocles um australiano de dente torto (coisa raramente vista em Hollywood, onde se costumava pagar a conta do dentista). O único requisito deve ter sido ter barriga desenhada de “six Pack”, como dizem os americanos.