Após três temporadas de GAME OF THRONES e durante o hiato até a chegada da quarta, que estreia no dia 06 de abril, finalmente me aventurei pelas milhares de páginas dos cinco livros até agora editados da saga em que a série é baseada – As Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor George R. R. Martin. E após a experiência, posso afirmar que meu gosto pela série cresceu ainda mais, e isso não porque tenha gostado menos dos livros, mas sim porque constatei que os produtores David Benioff e D.B. Weiss, juntamente com sua equipe (sempre com o acompanhamento e eventualmente com roteiros do próprio autor) conseguiram fazer uma adaptação excepcional.

Usando soluções criativas para manter os episódios dentro do já elevado orçamento da série, cortando “gorduras” dos textos originais e produzindo ótimos argumentos, os realizadores souberam retratar com grande fidelidade o fictício mundo medieval criado por Martin, recheado de personagens inesquecíveis que fogem da dicotomia entre o Bem e o Mal a que estamos acostumados no gênero. Tanto que não raro passamos a simpatizar e torcer por quem até então considerávamos vilões. Isso é melhor resumido na trajetória de Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau), que em seu calvário revela ser bem diferente do cínico Regicida a que estávamos acostumados.

Esta terceira temporada baseia-se na metade inicial do terceiro e melhor livro da saga, As Tormentas de Espadas, ainda que ela antecipe algumas subtramas originalmente introduzidas mais para o seu final, e até mesmo em volumes posteriores. E aqui a série atinge seu ápice, muito em função do infame evento conhecido como O Casamento Vermelho. Se já no primeiro ano Martin demonstrara uma rara capacidade de surpreender o leitor/espectador ao matar o personagem que, até então, era o principal da trama, neste ele demonstra ser um gênio ao chocar milhares de pessoas que simplesmente não conseguiam acreditar no que estavam assistindo. Tornou-se famoso na internet o vídeo (clique AQUI para assisti-lo – spoilers!) que mostra as reações de desavisados espectadores, que não haviam lido o livro, aos espantosos eventos do nono e penúltimo episódio da temporada, “As Chuvas de Castamere”. Mais palmas para os produtores, que conseguiram tornar algo que já era doloroso ao ler, ainda mais comovente e brutal de se ver. Passado o choque, o espanto e até a revolta, é forçoso reconhecer que este foi um feito raro – e corajoso – na dramaturgia popular contemporânea, que colocou a criação de Martin, seja em que mídia for, em um nível superior.

GAME OF THRONES definitivamente é algo único na moderna TV serializada. Não há um só episódio que possa ser considerado fraco, e além disso o nono episódio de cada temporada consegue ser impactante. Foi assim com a morte de Ned Stark na primeira temporada, com a Batalha da Água Negra na segunda, e com o Casamento Vermelho nesta terceira. E baseando-me no que ainda falta ser mostrado de A Tormenta de Espadas, a quarta temporada tem tudo para ser ainda melhor, por incrível que pareça.