Crítica sobre o filme "Espetacular Homem Aranha 2, O: A Ameaça de Electro":

Rubens Ewald Filho
Espetacular Homem Aranha 2, O:  A Ameaça de Electro Por Rubens Ewald Filho
| Data: 28/04/2014

Ainda mal nos recuperamos dos últimos blockbusters, o Capitão América e, quem diria, o Noé e já temos que consumir o segundo filme do reboot (reinício) do Homem Aranha, que de qualquer forma eu prefiro ao original. Basicamente porque o ator é melhor, não é bonito, não tem cara de galã mas é sincero, convincente e competente também na  comédia (a primeira parte, felizmente curta, traz ele fica fazendo piadinhas e fiquei com medo de que tivesse pegado a síndrome de Homem de Ferro! Ainda bem que é passageiro e serve para o espectador se acostumar de novo com o personagem após o hiato de dois anos). Afinal, este Marvel é que foi o pioneiro da onda dos heróis de quadrinhos, antes que a companhia fosse comprada pela Disney e mantivesse o seu alto padrão de qualidade (como nada é perfeito, eu bem que tentei assistir a serie de TV, mas é mesmo muito fraca!).

O surpreendente aqui é que eles tentam ser diferentes, nem tanto de muitos quadrinhos, mas ao menos no cinema e de certa maneira correm riscos. E não sei bem porque não promovem a presença de outro super vilão muito querido, que é o Goblin.  Enfim, tem uma coisa que eu não gosto, que é a mania americana de insistir nessa tecla da falta de pais e a falta que os filhos sentem de seus pais. Isso é coisa do tempo do Spielberg e ET e vive sendo reprisada e refeita. Não tem mais cabimento achar que um adulto vá viver a vida inteira sofrendo porque o pai teve que o deixar, já que não é difícil imaginar uma boa razão. Aqui, o Peter Parker seria a vítima, que derrama lágrimas junto com a tia (a sempre ótima Sally Field e as cenas entre eles estão entre as melhores do filme). O que reclamo é que existem milhões de pessoas que tem uma vida estável e completa porque há muita gente nessa situação, inclusive no Brasil e nas favelas, já que pais com frequência não gostam de responsabilidades!  No caso deste Dr. Richard Parker então ainda mais claro que houve problemas já que era cientista, trabalhava numa empresa de gente perigosa e com segredos de estado! Era óbvio que esse segredo serviria alem de tudo para neste exemplar explicar as loucuras que se passam na empresa.

Fora isso, o filme é muito bem amarrado, com uma história de amor convincente, já que o casal se formou na High School (Stan Lee tem piadinha na festa de formatura) agora parece que vai se separar porque Gwen Stacy (Emma Stone) está para ganhar uma bolsa de estudos em Londres e ela quer muito ir para lá, custe o que custar. Mas tudo isso vai sucedendo também junto com o surgimento de outro super vilão, no caso o Electro, feito em grande parte digitalmente por Jamie Foxx, o curioso é que ele começa com um fã do Homem Aranha, que vai virando a casaca quando sofre um acidente e vira uma espécie de monstro que absorve a eletricidade e pode provocar apagões e até coisas piores!

A outra trama central é o antigo amigo de escola de Peter que é o complicado Harry Osborn  e que vem a ser o mesmo personagem vivido na trilogia anterior pelo James Franco. Fizeram bem em escolher outro ator mais fraco e sofrido, com uma aparência de vítima (o Dane de Haan que surgiu de repente na terceira temporada da serie Em Terapia/In Treatment, passou por True Blood, Poder sem Limites, Os Infratores, aquele O Lugar Onde Tudo Termina com Ryan Gosling, uma pontinha em Lincoln, e faz James Dean agora num novo filme chamado Life). Ele consegue trazer um pouco de neurose que ira resultar num Green Goblin (Duende Verde) muito mais sinistro do que da série anterior.

Movimentado, cheio de efeitos (não sei como eles podem ir sendo superados, já que estão bons há muito tempo!), com confrontos finais à la Video-game, com tudo isso o novo Homem Aranha corre riscos. E acho isso bom. Diferente e ousado. Acredito que irão aprovar. Mesmo com que inicial relutância.