Crítica sobre o filme "Profissão de Risco":

Rubens Ewald Filho
Profissão de Risco Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/04/2014

Fiquei surpreso ao saber que temos uma atriz brasileira, nordestina de um metro e oitenta, fazendo carreira no cinema americano e que tem o principal papel feminino neste thriller policial que seria B (independente), não fosse a presença no elenco de dois astros que se cansaram de ganhar pouco e agora aceitam qualquer coisa em qualquer filmeco. Acredito que Robert De Niro faz isso para deixar grana para seus herdeiros (filhos), mas não sei das razões porque também Cusack  entrou  nessa (com o lado negativo de não ser uma lenda como o colega). De qualquer forma, o projeto esta abaixo do nível deles e antigamente seria consumido em locadoras, hoje espero que em breve nos “Flixes” da vida.

Vamos falar primeiro de Rebecca, que não é uma mulher assim tão inesquecível quanto o personagem que inspirou sua mãe para batizá-la.  Nascida em Recife, foi morar nos EUA (o inglês dela é bem competente, apesar do tipo estranho, dentuça, Modelo, até que se sai bem para a dificuldade do personagem). Já tem outros 8 filmes americanos no curriculum. Este certamente é dos mais esquisitos, que não resiste ser for visto apenas com uma imitação de Tarantino, com um ator iniciante na direção (mas pela ponta dele da para ver que é veterano). Parece que a questão é a seguinte, a história original do Motel foi escrita a partir de um roteiro do conhecido ator James Russo (Django Livre) que por sua vez é inspirado em The Cat, de uma certa Marie-Louise Von Franz, que é uma psicóloga da linha Jungiana no que seria a desconstrução de um conto de fadas romeno (sobre algo que esta dentro de uma sacola e que você não pode olhar!). Ou seja, o filme teria algo a mais do que ser uma mera “Tarantinice”, seria uma espécie de film-noir com jeito de conto de fadas, e sempre com reduções psicológicos/filosóficas.

Acho difícil alguém encarar o filme com essa leitura, mas é minha obrigação revelá-la. Na história, Dragna (De Niro) tem o melhor papel (inclusive com um cabelo divertido grisalho e alto) como um gangster rico que contrata em seu jatinho particular de luxo um sujeito Jack que terá a missão de recolher uma sacola, mas com o pedido especifico de não poder olhar o que tem dentro dela! E deve esperar pela chegada de Draga num “chinfrin” hotelzinho de beira de estrada no quarto número 7. Esse lugar tem uma série de ocupantes esdrúxulos (como um anão,policiais violentos, um cadáver que já esta no carro do herói,  um negro forte que anda com uma prostituta alta, que terá importância na trama). É essa a brasileira que faz Rivka que pedirá ajuda a Jack, na sucessão de acontecimentos que irão suceder, incluindo um final múltiplo até explicações e revelações. Claro que não consegui levar a sério (nem tampouco achar tão criativo quanto os toques de Quentin) nem tampouco mergulhar no universo psicanalítico.

Mas o realmente engraçado e curioso é tentar entender o que está fazendo essa brasileira no meio dessa confusão toda? Um detalhe: o filme sai nos cinemas americanos apenas pro forma, rendendo a fortuna de 56 mil dólares. Mas é evidente porque é produto para Now e Video on Demand.