Crítica sobre o filme "Entre Vales":

Rubens Ewald Filho
Entre Vales Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/05/2014

O diretor fez alguns curta-metragens premiados e admirados. Não tem tido a mesma sorte ao passar para o longa, mesmo trabalhando para a produtora O2 de Fernando Meirelles (realizou alguns dos episódios da serie de TV, A Cidade dos Homens) com Não por Acaso (97). Naquela ocasião eu escrevia: “Phillippe tem uma sensibilidade especial. Parece que ele tem medo de confrontos, de explicações (o filme tem poucos diálogos, ao contrário de personagens de telenovelas aqui todos são misteriosos e calados), de grandes cenas (nem mesmo numa sequência de morte nos deixa ver ou explica direito como sucedeu)”.

Engraçado que posso dizer a mesma coisa deste segundo longa, igualmente sucinto e com uma trama ainda mais discutível. Certamente a melhor coisa é a presença de Ângelo Antonio (Filhos de Francisco) que faz o protagonista com intensidade, a única pessoa do elenco que parece sincera e empenhada. Mas é o tipo da história que condena o filme Entre Vales a ter um público reduzido. Faz Vicente, um economista pai de um menino Caio, que vive com Marina, uma dentista. Ocorre um problema grave e toda sua vida se estraga (só vamos saber do que se trata ao final). Ele que já havia sido visto no lixão desde o começo do filme, só bem depois é que vamos ter finalmente a explicação para sua tragédia. O roteiro é incapaz de dar aos coadjuvantes (é co-produção com o Uruguai mas isso não adianta muito já que um ator ótimo como Daniel Hendler não tem absolutamente o que fazer). A questão é você embarcar ou não no conflito e no drama do Vicente. Mas há algo na visão do diretor que afasta a emoção e o resultado mais uma vez é frio e distanciado. Ou quem sabe pode ser apenas questão de gosto.