É muito difícil o Brasil realizar filmes que escapam das fórmulas tradicionais: a comédia (a chanchada), o filme de favela, o drama rural /social, a biografia de artista pop. Este A Grande Vitória (que já se chamou antes Aprendiz de Samurai) é uma experiência nova em outra possibilidade, um filme sobre campeão esportivo, no caso de um campeão treinador de judô, Max Trombini, baseado em uma biografia de Wagner Hilário.
Não há nenhuma garantia de que o tão arisco público para cinema brasileiro vá assistir o filme, mesmo com o chamariz de jovem astro de televisão que é Caio Castro, meio tosco, baixinho, barbudo, limitado, mas que vem com aquela naturalidade de novela. É uma velha tradição de nosso cinema que nenhum astro de novela leva qualquer um aos cinemas, nem mesmo Antonio Fagundes no apogeu da juventude. Por outro lado, eu que vivo reclamo dos péssimos roteiros não posso me queixar deste que é, aliás como tudo no filme, extremamente correto e profissional. Talvez as crianças no começo sejam meio fracas, e como sempre, não parecem o similar adulto, mas fora isso tudo é bem feito e demonstra que o diretor não faltou demais as aulas da FAAP ou da faculdade americana que cursou.
A história começa com Sabrina Sato na piscina (o que é sempre fotogênico) comunicando ao rapaz que esta grávida, o que pode atrapalhar seus planos de se mudar para os EUA. Volta-se em flash back para a infância dele em Ubatuba, onde são muito pobres e ele é muito briguento em parte porque ressente a ausência de um pai que sumiu. Quem cuida mais dele, é o velho avô (a primeira experiência realmente dramática de Moacyr Franco, que está humano e convincente). Depois é seguir a carreira do moço, que arranja um bom mestre de judô (Tato Gabus Mendes, outro que convence e ajuda muito o filme) e vai para Bastos. O pai é feito por Domingos Montagner, um personagem mal explicado mas que ganha muito com sua figura carismática. Enfim, não chega a ter pretensões a ser um Karate Kid. É apenas uma interessante e bem contada historia real (o protagonista faz um papel no filme e aparece na ceninha final nos letreiros). João Carlos Martins faz a trilha musical (pela primeira vez) embora não tenha visto sua versão final.