Aqui está a melhor interpretação de toda a carreira de Jude Law, que é sempre confiável mas era prejudicado por ser bonito demais (o que leva as pessoas a não levarem a sério). Aos 41 anos, ele não disfarça as entradas e está gordinho no papel titulo, um ladrão, especialista em abrir cofres que passa 12 anos na cadeia recusando-se a revelar que foi seu chefe na expectativa de que no dia em que saísse seria recompensado com dinheiro. Pena que o filme tenha um final abrupto e caia de ritmo na segunda parte quando reencontra a filha e o neto (mulato). Até que evita sentimentalismo, mas não se compara com a brilhante primeira parte.
Isso talvez possa explicar o fracasso do seu lançamento nos EUA, onde teve bilheteria insignificante e Jude não teve qualquer indicação a prêmio como merecia. Quem duvidar que entre para ver os primeiros três minutos quando ele faz um monologo para a câmera, em altos brados, fazendo o elogio da beleza e eficiência do seu órgão sexual, a quem compara a uma obra de arte de Picasso ou Renoir. Não posso dar mais detalhes, mas é o começo de uma aventura muito bem humorada, quando ele reencontra um amigo (Grant) e vai ate um refúgio que parece ser na França, onde vive o chefão (o mexicano Bichir) Mr. Fontaine. Bebe demais, fala demais, dá em cima da garota do patrão e, mas mais ou menos na metade do filme, acontece um incidente que muda toda a situação.
Pena que essa parte final não tenha mais o ímpeto e originalidade deste roteiro muito inteligente feito pelo diretor americano Shepard (tem feito muito TV, recentemente com episódios de Girls, Salem, mas fez algo parecido com O Matador com Pierce Brosnan). De qualquer forma, vale a pena conferir.