Depois de ter sido apresentado no Festival de Veneza e Toronto, de ter aberto o Festival do Rio de Janeiro no ano passado, os produtores perceberam antes tarde do que nunca que o projeto era furado, não interessava crianças, nem adultos. Embora o diretor Francês Thierry tivesse feito antes um documentário decente chamado Planeta Branco, sobre o Ártico em 2006! Mas ficou claro que não era um documento ecológico especialmente válido e tinha chances comerciais nulas no Brasil, ainda mais depois da decepção que foi a animação Rio 2 (mesmo feita por um brasileiro). Resolveram então tomar uma decisão corajosa e adaptaram o filme para o mercado nacional e o publico infantil. E com gente boa e qualificada. Com roteiro de Luiz Bolognesi e diálogos escritos por José Roberto Torero, Amazônia passou a ter diálogos com as vozes de Lúcio Mauro Filho, como o macaco prego protagonista Castanha, e de Isabelle Drummond, a Emilia do Sítio do Picapau Amarelo, como sua namorada, Gaia. A consultoria artística leva a assinatura do fotografo especializado e talentoso Araquém Alcântara.
Tenho que confessar que assisti apenas a primeira versão e fiquei extremamente decepcionado, com os clichês e banalidades, a falta de informação e a falta de percepção do que é a impressionante Amazônia que a gente conhece. Nem era especialmente bonito. O documentarista dos anos 50 e 60, o Francês Jean Mazon fazia melhor. Mas não fui assistir ainda a nova versão. Admiro a atitude e coragem dos produtores que poderiam muito bem se conformar com um projeto errado e pronto. Mas estão tentando salvá-lo , o que é custoso e difícil (o orçamento antes era de 26 milhões de reais). E tem pouca chance de funcionar. Enfim, cheguei a encontrar algumas criticas europeias favoráveis, já que eles gostam sempre de coisas tropicais e “exotiques”. Falou-se também que era a maior produção do cinema brasileiro, que levou 6 meses de filmagem (imagem o calor e condições de rodar na selva). De qualquer forma, peço licença para citar o site Cultura Revista, assinado por Marco Veira, que diz o seguinte: história é a seguinte: o avião onde Castanha seria transportado para um circo, depois de sair dos cuidados de uma menina, cai na floresta amazônica. O macaco-prego se vê na necessidade de se adaptar às condições da floresta, e entrar em contato com a sua própria natureza. Na sua “odisseia” ele enfrentará dúvidas, perigos e hostilidade.
As referências de Castanha como macaco que veio da cidade são bastante divertidas. Ele se refere ao Homem-Aranha, a filmes 3D e ao Pérola Negra, nome de um navio importante da saga Piratas do Caribe (2003). Há muitos toques de humor no roteiro, não fique o espectador com a impressão que vai assistir um documentário dramatizado e tedioso qualquer. Nosso protagonista conhece uma macaca na mesma espécie, Gaia, (dublada por Isabelle Drummond), e se apaixona por ela, apesar da desaprovação do pai. O destino desse relacionamento fica em suspense. Numa aventura para fora da floresta, Castanha depara com queimadas e uma menina índia oferecendo frutas para ele. O herói se recusa a ser mascote do bicho humano e faz um gesto simbólico que é definitivamente o clímax do filme.
Fim da citação. Ou seja, o que estava lá, como a trama truncada não pode ser mexida, mas agora ao menos temos humor, marca registra do Torero . Enfim, no Brasil, o grupo liderado pela Gullane conta com coprodução e distribuição da Imovision, coprodução de Globo Filmes, RioFilme e Telecine, e do Imovision do Jean Thomas. Com certeza poucos teriam a coragem e humildade de corrigir os defeitos. Só isso já credencia esta nova Amazônia.