Crítica sobre o filme "Muppets 2, Os - Procurados e Amados":

Edinho Pasquale
Muppets 2, Os - Procurados e Amados Por Edinho Pasquale
| Data: 26/06/2014

Eu já era adulto quando surgiram os Muppets na televisão e foi uma paixão imediata. Os bonecos eram uma inovação brilhante de um jovem gênio chamado Jim Henson (1936-90) que infelizmente morreu cedo demais. Demoraram as negociações, cheias de idas e vindas, mas finalmente se acertaram recentemente e Os Muppets foram comprados pelo lugar mais adequado, a Disney que lhes está dando a importância merecida.

O seu primeiro filme longa pela Disney foi chamado apenas de Os Muppets (2001), e eu com muita relutância escrevi : “Pensei até em não comentar já que às vezes é melhor calar do que fazer restrições ao que você gosta e não deu certo. Mas enfim, vamos cumprir o dever. Como eu temia o novo filme dos Muppets não é lá essas coisas. Em parte, porque ele fica nos remetendo o tempo todo para a série de TV que era infinitamente superior (não era preciso segurar uma história longa, era baseada apenas em gags), em parte porque simplesmente não é engraçada, ainda mais porque insiste em cair na meta linguagem. Não ajuda muito que o protagonista e autor do projeto o comediante Jason Segel não é carismático, não sabe dançar  e não sei cantar porque é tudo dublado em português e aí entramos no cerne da questão. Entendo agora melhor como os fãs reclamam quando uma antiga série de TV  é redublada  com outro ator,  não é apenas uma falta de respeito a nossa lembrança como é sempre inferior. Ou seja, não adianta nada fazer um filme nostálgico sobre a volta ao passado e a tentativa de salvar os Muppets, quando eles já são outros, ao menos para um fã como eu.

 É verdade que as canções são bonitinhas e não chegam a incomodar.  Não consegui engolir como vilão o Chris Copper e a mocinha Amy Adams esta gordinha, parece ter tido o filho no dia anterior, esta mal maquiada, num papel ingrato e completamente descartável.  Tem atores convidados, mas são mal aproveitados (menos Jack  Black, que é o único que é mais substancial) e acaba se arrastando por falta de invenção.  Melhora um pouco ao final (com dança no Hollywood Boulevard) provocando raros momentos de pura alegria.” Mas era tão fraco que temia que  os Muppets não sobrevivessem a esta derrapada (o filme custou 45 milhões e rendeu 88 nos EUA, não se pagou. O segundo foi pior ainda, custou 50 e rendeu 51 milhões , ou seja o antigo público fiel desta vez nem compareceu na mesma proporção. E até agora no exterior não passou de 27 milhões!

Este é segundo longa metragem dos Muppets é mais engraçado e menos constrangedor do que o anterior.  A formula básica é a mesma:  Miss Piggy continua apaixonada pelo Kako, só que há uma grande reviravolta. Existe um sósia dele, identificado por um sotaque estrangeiro que é um implacável ladrão de joias (mal resolvido na dublagem nacional). Consegue escapar de uma prisão russa para se infiltrar no grupo e aplicar o maior de todos os golpes. Fazer Miss Piggy se apaixonar por eles.  Todos personagens dos Muppets estão presentes, assim como as canções e o bom humor. Mas não sei quem teve a ideia de jerico de situar a ação numa prisão soviética , um gulag (criança sabe o que é isso? E prisão é tema infantil?) onde a Tina Fey tenta fazer graça como a dirigente do local, que quer fazer um show e se esforça por ser engraçada. Também entre os prisioneiros estão atores famosos (deem uma olhada no elenco por favor e verão o total desperdício deles todos, nenhuma aparição tem graça, até mesmo a de Celine Dion, que já esta fora de moda).

Acho que foi um grande erro chamar para dirigir e ser o escritor principal novamente o tal de James Bobin, que é mais ou menos conhecido por alguns dos shows mais esquisitos da TV , o Da Ali G Show (com o Sacha Baron Cohen) e outro ainda mais rarefeito que andou pela HBO, o desprezível Flight of the Conchords. O tom de humor negro não poderia ser menos qualificado para Muppets e errar de novo parece fatal para o grupo (acredito que eles devam ter um terceiro longa contratado e a única solução seria partir para a simplicidade e deixarem de tentar serem diferentes).

Ainda persistem algumas citações de filmes como Titanic, My Heart will Go On e Celine, Jerry McGuire, Missão Impossivel, Toy Story, Um Sonho de Liberdade, Chefão III, Silencio dos Inocentes, Chorus Line, 007 O Espião que me Amava, Dr. No, Lawence da Arabia, Flintstones, Cidadão Kane, E o Vento Levou. O número de abertura chama-se “Estamos fazendo uma continuação” (na verdade já é a sétima continuação e uma das poucas onde o casal aparece logo no começo!).

No fundo eu acho sempre um prazer estar com os Muppets. Mas cada vez menos.