Crítica sobre o filme "Menino no Espelho, O":

Rubens Ewald Filho
Menino no Espelho, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/08/2014

Quero confessar minha admiração pela obra do escritor mineiro Fernando Sabino que eu acompanhei por toda sua longa carreira de excelente cronista, ocasional romancista e brilhante escritor juvenil. O cinema aproveitou duas vezes seu conto O Homem Nu, o suspense Faca de Dois Gumes (que foi crescendo com o tempo e a única vez que o entrevistei em Gramado!), o juvenil o Grande Mentecapto e agora o clássico O Menino no Espelho, que é mais outro bom filme nacional que tem infelicidade de estrear neste período de Copa e confusão. Uma pena porque é um filme mineiro, bem realizado, bem produzido e traz um menino brasileiro que já faz carreira internacional como ator. O garoto Lino Facioli, natural de Ribeirão Preto, é filho de diretores de arte (melhor explicando o pai é animador e artista gráfico, a mãe arquiteta e desenhista de joias, mas foi o garoto que teve a opção de ser ator) que moram no exterior e já teve oportunidade de trabalhar no seriado Game of Thrones (e ainda deve retornar em breve), além de trabalhar também na comédia O Pior Trabalho do Mundo (10),  em Broken com Tim Roth (14), séries de TV (The Armstrong and Miller Show) e alguns curtas.

Primeiro longa dirigido por Fiúza, O Menino no Espelho demorou sete anos para ficar pronto. A ideia da adaptação surgiu após o diretor desistir de outro roteiro com o qual já estava trabalhando há 7 meses, por conta de problemas com o contrato de exclusividade. O livro de Sabino lhe chegou às suas mãos por meio da ex-mulher que o presenteou. Trabalhou no roteiro ao lado do produtor André Carreira e do roteirista Di Moretti, já que na verdade ele é formado por contos fechados e foi preciso criar uma história única, com começo meio e fim. A produção custou R$ 5 milhões e chamou para o papel do pai do menino, Mateus Solano, antes dele ficar famoso com a novela como Félix. Também não conseguiram licença para filmar em Belo Horizonte, e usaram como locações as cidades de Cataguases, Miraí e Leopoldina.

O resultado como disse é agradável e divertido, preenchendo um nicho raro no cinema brasileiro, o filme juvenil. Mas nem por isso acho que ele seja descoberto por um público distraído e confuso.

Lembro-me de que O Menino no Espelho me encantou tanto que imediatamente depois de ter terminado sua leitura eu a reiniciei.  Para semanas mais tarde, outra vez o li na certeza que era poético e difícil de capturar em sua magia.