Crítica sobre o filme "Se Eu Ficar":

Rubens Ewald Filho
Se Eu Ficar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/09/2014

Quando se fica sabendo que o filme teen e romântico A Culpa é das Estrelas foi o lançamento de maior bilheteria até hoje neste ano no Brasil, não é difícil imaginar que este na mesma linha chegasse com a mesma força. Embora já tenha ficado um pouco chocado quando ele não deu bom resultado de bilheteria por lá (chegando ao topo de 18 milhões de dólares, ainda que seu baixo orçamento não passe de 11!). Fica claro que alguém errou na dose e na adaptação.  E para que não acha dúvida, Se eu Ficar no caso seria o espírito da heroína em coma, se vai ou não partir desta para melhor!

O candidato mais claro é o diretor Cutler que tem longa carreira de produtor (série de TV Nashville) e alguns como diretor, mas quase sempre como diretor de documentários políticos. Mal auxiliado pela Shauna Grass (do abominável Garota Fantástica, 09 com Ellen Page, O Que Esperar Quando Está Esperando, 12, que tem até o Santoro), a história não podia ser mais mal contada. Aliás aconselho os  professores de roteiro a levarem os alunos ao cinema e demonstrarem tudo que não se deve fazer ao se contar uma história em flashbacks. Se  bem que para mim o problema começa um outro erro muito comum, que é o da escalação de elenco. No personagem da mocinha, Mia Hall, que tenta conseguir bolsa na faculdade mais conhecida do mundo como tocadora de violoncelo, escolheram Chloe Grace Moretz que já teve as chances que merecia e nunca acertou. Pior: vai se estragando com a idade. Ainda bonitinha e sem pescoço ela não tem a menor química com o herói masculino, um britânico que eu desconhecia (Jamie Blackley, que é líder de um banda de punk rock, esteve em Branca de Neve e o Caçador, O Quinto Poder, Os  Borgias). Chloe vem de Carrie, a Estranha,Sombras da Noite, Hugo Cabret, Deixe-me Entrar, Kick Ass: Quebrando o Tudo).

A história começa acentuando como o casal não tem nada entre si, em lados opostos da música e para complicar os pais são roqueiros fanáticos (Mireille Enos, da série The Killing faz a mãe). Não demora muito já ocorre a tragédia: um acidente de carro que mata muita gente e deixa outros em coma e então segue-se o esquema flash de cinco a sete cenas para retornar o então presente e proceder a mais  uma tragédia.  Ou cena de despedida (porque têm avós, parentes, colegas e assim por diante).  O uso indiscriminado do recurso dramático aqui deixa muito bem claro porque deve ser usado com parcimônia. O filme em vez de emocionar pelo excesso de querer que o espectador reaja assim consegue irritar. Acho que também é uma boa lição para entender como é difícil fazer histórias românticas e morte e choro. Ainda mais agora que voltaram à moda.