Crítica sobre o filme "Rio, Eu Te Amo":

Rubens Ewald Filho
Rio, Eu Te Amo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/09/2014

Depois de Paris, eu Te Amo (06) e Nova York eu te Amo (98), vem este terceiro longa do franchising em que cineastas de todo o mundo declaram seu amor a uma cidade. Este aqui é predominantemente realizado por brasileiros porque afinal de contas é uma produção basicamente nacional (a produtora Conspiração o domina e controla, no que aliás faz muito bem), que devem ser seguidos por Shanghai e Jerusalém. Ao contrario dos outros é mais compacto, com menos realizadores, maior unidade em tudo, inclusive este aqui tem uma proposta obvia de ser um musical, dando ênfase a paisagem, evitando excesso de diálogos e resumindo-se situações. É por causa disso que dois deles, ficam meio “por favor”, o dirigido pelo coreano (o mais desagradável sobre lutador de um braço só que tem que ir lutando em ruas para pagar a operação da jovem mulher, que realmente parece saído de outro filme). O outro é dirigido pelo mexicano roteirista, Arriaga (que é certamente o pior dos diretores envolvidos em Texas). Também houve um problema com o episódio do Cristo Redentor de Padilha, onde parte das situações envolvendo a imagem dele foram retiradas sob pena de poderem ofender alguns! Reduziram então a uma cena mais curta onde Wagner Moura brinca com o famoso ator Harvey Keitel (que não estaria no filme de Scorsese que menciona). E uma conversa com Cristo que acaba sendo o ponto alto de todo o filme.

Se bem que tenho que confessar que eu me encantei com essa declaração de amor Rio (de tantas já feitas e visitas) procurando fugir de clichês (nem se vê Ipanema, Copacabana) unificada pelas músicas temas de Gilberto Gil, a principal, Chico Buarque, Inútil Paisagem, Bebel Gilberto e diversas variantes (me diverti muito com a sequência dos vampiros, com o show de Tonico Pereira). Mas o resto esta delicioso com a velha querida de Fernanda Montenegro dirigida feliz pelo genro, a dupla que escala o Pão de açúcar para descobrir o amor, a sempre deslumbrante Claudia Abreu. Na verdade, quanto mais brasileira melhor funciona a sequência (prova disso é o morno número musical que John Turturro faz para a francesa Vanessa Paradis, ex- Johnny Depp).

Não sei da aceitação porque o formato sempre é irregular e francamente o Brasil não vive um dos momentos mais ufanistas de sua história, pelo contrário.  Não é o tipo do filme para ser visto neste tempo de próxima eleição.