Crítica sobre o filme "Protetor, O":

Rubens Ewald Filho
Protetor, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/09/2014

Faz tempo que eu não vejo um bom thriller policial como este, que tem uma origem não muito nobre. Ele é inspirado numa série de TV chamada The Equalizer, que apesar de ter sido sucesso, num total de 88 episódios (1985-90). Foi naquela época em que os seriados não eram importados e muito menos as TVs se davam ao trabalho de exibi-los. Eu me lembro de ter visto dois episódios no exterior e segundo o Paulo Gustavo chegou a sair um episódio em Home Video VHS. Mas era de origem britânica e em cima de Robert McCall, um detetive particular, direto e eficiente, com muitos contatos e perfeito para resolver casos em que a polícia se atrapalha. Sua marca registrada era uma frieza e antipatia que vinha ao eu mais do ator principal, o pouco lembrado Edward Woodward, do que o texto. Aqui eles mantiveram aqueles momentos em que a cena parece tremer, dando um tom de emoção, de imagem sendo “fritada” para dar mais tensão ao momento e o que Robert está sentindo (ele  mantém o nome), mas a verdade é que Denzel com sua autoridade, confiança e honestidade pouco tem a ver com a empáfia e frieza de Woodward, que mesmo você deve ter dificuldade de reconhecer de dramas britânicos (foi indicado para o Globo de Ouro e Emmy chegando a levar um Globo). Esteve em Chumbo Grosso, Rei Davi, o australiano Breaker Morant, o terror  O Homem de Palha, As Garras do Leão. 102 títulos e poucos como ator central e praticamente nada memorável para o espectador brasileiro.

Por outro lado, é interessante se constatar a evolução do diretor negro Fuqua (ainda quase nada premiado, mas sob sua direção Denzel levou um Oscar® como vilão em Dia de Treinamento). São 18 créditos quase todos de ação e vários consumíveis (como Rei Arthur com Clive Owen e a Keira, Atraídos pelo Crime com Richard Gere, Atirador com Mark Wahlberg, o recente Invasão a Casa Branca. Não há duvida que este é seu melhor trabalho, onde se dá ao luxo absoluto de levar meia hora inteira para apresentar os personagens coadjuvantes e preparar a entrada para valer com o “Equalizador” (por isso que o filme acabou ficando um pouco longo, 15 minutos a menos reduzindo o prólogo já ajudava muito). Mas isso é também é questão de gosto.

O fato é que o filme me segurou o tempo todo, fazendo rivalizar com outros policiais que envolveram a Máfia russa (em particular, como Senhores do Crime, de Cronenberg com o Viggo Mortensen). E aposto que foi um lapso de bom humor que fez escalarem o ator neozelandês de origem húngara Marton Csokas para ser o maior vilão, o Teddy, e transformando-o numa copia de Kevin Spacey, a ponto disso ficar incomodando o espectador o filme inteiro. Até porque é um super implacável homem mau.

Mas deixa estar que Robert McCall não fica atrás. Ele trabalha numa loja de ferragens, vive sozinho, esta já quase no fim de ler a lista dos 100 filmes que tem ler antes de morrer e seu hobby ajudar os mais fracos, por exemplo, um obeso que deseja ser segurança, ou uma moça menor de idade que é explorada pelos russos como prostituta para sado-masoquistas (a surpresa é que a adolescente tão irregular, Chloe Moretz, a última Carrie, esteja convincente e justifica bem com McCall entra na briga). De repente os mafiosos chefes ou não, implicam com ele e vão liquidá-lo pensando que seria fácil. Lógico que é super preparado, não se rende nunca e o filme não cai no gratuito ou no exagero de sangue (lembra um pouco os filmes chineses do gênero) acaba convencendo e arrebatando. Numa temporada muito fraca em policiais e thrillers este é o meu preferido este ano.