Faz parte de uma séria de aventuras épicas de orçamento médio que dão nova função aos heróis ou no caso vilão (sucedeu recentemente com o muito fraco Frankenstein: Entre Anjos e Demônios, com Aaron Eckhart/I Frankenstein). Este aqui se deu relativamente melhor ao menos nas bilheterias americanas (onde chegou aos 50 milhões de dólares para orçamento de 70) embora seja aquele pacote que virou tradicional: um filme muito escuro onde mal se consegue ver alguma coisa, complicado ainda por cima por nuvens de morcegos e uma implacável neblina de fumaça e onde mais uma vez o argumento nada tem a ver com a realidade. Por isso não foi contada antes, porque nunca existiu (inclusive com um adendo romântico ao final, completamente diferente do tom geral da história). Enfim, foi realizado por um diretor irlandês vindo da publicidade e estreante em longa, que demonstra maior aptidão do que a média para escolher elenco, em particular uma brilhante participação do veterano Charles Dance creditado como o Master Vampire. O herói Luke Evans de O Hobbit também não é ruim e isso ajuda a perdoar as bobagens e inverdades históricas, se é alguém liga ainda para isso.
Já se conhecia antes a historia do Vlad o Impalador que em 1442 (no filme ele teria então pouco mais que dez anos!), enfrenta o exército do império Otomano (e não Turquia que só passa existir no século 20) e não era o chefe, como diz o filme, da Transilvânia, mas de Wallachia, que fica ao sul. Apenas foi prisioneiro por lá e conhecido como o Empalador (forma horrível de matar pessoas como uma lança trespassada). Enfim, praticamente nada que o filme mostra tem qualquer relação com fatos reais e menos ainda com literários. Também como de costume ignoraram totalmente a geografia e localização de pontos históricos. Ou de bobagens como guardar uma população inteira num único monastério, fazer um exército inteiro marchar de olhos vendados, deixar a mocinha dar um adeus apesar de ter caído de um precipício enorme. E assim por diante.
A sucessão de besteiras tem outras coisas divertidas, por exemplo o exercito da época não usava espadas comuns como cimitarras, ou seja espadas curvas. Reparem como o filme é curto e tem pouco a contar (acaba com 85 minutos! Fora letreiros). Mesmo o resumo da história fornecido pela produção não bate direito como que se vê na tela. Segundo eles, Vlad, era famoso por sua brutalidade, no combate. É um príncipe que impala seus inimigos . Mas o sultão do Império exige mil jovens para formar um exército novo para conquistar a Europa. Sem condições de aceitar, ele faz uma barganha com o demônio vampiro (que em alguns lugares aparece com o nome de Calígula). Enfim, se serve de consolo, já vi piores e muitos, mais muitos melhores.