Crítica sobre o filme "Boyhood: Da Infância à Juventude":

Rubens Ewald Filho
Boyhood: Da Infância à Juventude Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/10/2014

Tem sido muito festejado pela Imprensa este filme até certo ponto experimental do diretor da trilogia Cult Antes do Amanhecer, que parece muito mais interessante quando se lê a respeito do que quando se assiste. Houve já outras experiências de cineastas que registraram pessoas ou famílias, durante determinados períodos de tempo, como sucedeu com o britânico Michael Apted, que já fez tudo até aventura de James Bond (O Mundo não é o Bastante), Aventuras de Nárnia, Masters of Sex, Na Montanha dos Gorilas  etc. Mas seu trabalho mais famoso no exterior, não aqui onde não me lembro de ter sido exibido a série chamada The Up Series. Ele começou a visitar um grupo de crianças quando elas tinham sete anos de idade e prosseguiu adiante, retornando para as continuações: 7 Plus Seven, 21 up, 28 up, 35 up, 49 up e finalmente 56 up. Isso como documentários, sem esconder nada, sem usar artifícios, e por isso que é tão real e humano.

Como bom diretor hollywoodiano Linklater simplifica tudo chegando ao cúmulo de colocar uma filha no elenco simplesmente porque ela lhe pediu (embora no meio tenha perdido o interesse).  E qualquer senso de realismo fica perdido quando coloca os astros Ethan Hawke e Patricia Arquette como os pais protagonistas. Ou seja, não é o mundo como realmente é, mas como ele manobrou para ser. Foge de conflitos que nunca são mostrados, por exemplo Patricia se casa com um professor que a principio se revela um chato, mas quando demonstra ser um alcoólatra o assunto é desviado e tudo resolvido rapidamente (enquanto um pai violento seria um tema fundamental).

Tudo é assim colorido como eles veem a vida, como se um monte de gente de interior se encontrasse durante alguns anos para fazer uma encenação entre amigos, onde nem mesmo a figura central do garoto Mason (que seria mostrado dos 8 quando era uma menino lindo até os 18 quando virou outro aborrecente magrelo sem rumo na vida). E não falta metragem, falta verdade, humanidade, tudo me parece extremamente artificial, pseudo experimental. Muito bobinho. Lamento mas eu não consigo embarcar nessa.