Crítica sobre o filme "Boa Sorte":

Rubens Ewald Filho
Boa Sorte Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/11/2014

É uma pena que fim de ano seja uma época tão conturbada para se ir ao cinema em meio a blockbusters e compras de natal (para não falar na distribuição confusa e setorial de certos filmes, que ate agora não consegui assistir como Irmã Lucia). Também corre o risco de passar em branco (já que não é comédia, muito pelo contrário) este talentoso primeiro longa de ficção da filha de Arnaldo Jabor, Carolina que trabalhou com outro talento no roteiro que é o gaucho Jorge Furtado.

Deborah Secco confirma mais uma vez suas qualidades de atriz e estrela numa interpretação muito segura num personagem ainda mais difícil do que de Bruna, a Surfistinha.  Ela faz Judite, uma jovem viciada em drogas, que tem seus dias contados que passa num espécie de sanatório (onde é sustentada pela avó, participação como sempre muito especial de Fernanda Montenegro). Mas o filme não é sobre drogado (como foi o caso de Tim Maia), mas uma história de amor desesperado, sem saída. Porque no velho casarão (a cenografia é particularmente interessante, aliás as escolhas do filme são todas muito felizes) chega um adolescente João (o novato e eficiente Zappa) que se apaixona perdidamente por ela ainda que isso lhe signifique uma morte prematura. É amor sim, mas desesperado, fatal (e acrescente os adjetivos que desejar). O importante é em vez de nos causar horror (está bem, até horror faz parte dos ingredientes), principalmente nos emociona e comove.