Crítica sobre o filme "Guardiões da Galáxia":

Jorge Saldanha
Guardiões da Galáxia Por Jorge Saldanha
| Data: 13/12/2014

Ao ler a resenha do filme, até há pouco tempo a grande maioria dos fãs de blockbusters e até mesmo das HQs não reconheceria boa parte dos personagens citados, e isso dá bem a medida do risco enfrentado pela Marvel (o maior desde que, já como estúdio, lançou o primeiro HOMEM DE FERRO). Com as populares franquias HOMEM-ARANHA e X-MEN nas mãos de outros estúdios, a Marvel começou a explorar personagens da “segunda divisão” (ou, quem sabe, terceira) dos seus quadrinhos, neste caso para protagonizar uma cara space opera e, adivinhe – de novo acertou na mosca. Assim, GUARDIÕES DA GALÁXIA tornou-se um sucesso esmagador de bilheteria (a maior de 2014) e de crítica.

Técnica e visualmente primoroso, com roteiro fluído, direção dinâmica e personagens coloridos (muitos, literalmente) e interessantes defendidos por um elenco que mescla atores em ascenção como Chris Pratt (PARKS AND RECREATION) e Karen Gillan (DOCTOR WHO) com profissionais do nível de Benicio Del Toro, Glenn Close e Bradley Cooper, o filme é uma desencanada aventura espacial que remete diretamente aos seus congêneres do final dos anos 1970 até meados dos 1980, fator nostálgico que é acentuado pela pegadiça trilha sonora (The Awesome Mix) que inclui canções pop do período (que ofuscam o score de Tyler Bates, apenas mediano).

Começando com uma abdução alienígena digna de CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU (1977) e prosseguindo em uma montanha-russa galáctica à la STAR WARS (1977), o longa acompanha a formação do bizarro grupo a ser liderado por Quill / Senhor das Estrelas (Pratt), que como de praxe inicialmente não se entende, mas que após muitas brigas irá unir-se e assumir a heroica formação dos Guardiões da Galáxia. Mas até que isso aconteça, numa batalha final em grande escala com o vilão Ronan, nos divertimos por duas horas com a rabugice de Rocket (perfeito trabalho vocal de Cooper), perseguições, fugas, as espinhosas tentativas de flerte de Quill com Gamora (Saldana) e os doces olhos (!) de Groot, sem dúvida o personagem mais atípico até hoje associado ao cascudo Vin Diesel.

GUARDIÕES DA GALÁXIA é um dos melhores títulos do Universo integrado da Marvel, nada ficando a dever a HOMEM-DE FERRO (2008), OS VINGADORES (2012) e CAPITÃO AMÉRICA 2 – O SOLDADO INVERNAL (outra das grandes bilheterias de 2014), mas pode ser apreciado perfeitamente por quem não assistiu a nenhum dos outros. Não sei se chega ao ponto de ser, como alguns disseram, “o STAR WARS da atual geração”, mas certamente o filme do diretor James Gunn é um entretenimento de primeira que respeita a inteligência do espectador (chupa TRANSFORMERS – A ERA DA EXTINÇÃO!), e diverte bastante em suas duas horas de duração (que, aliás, passam voando). E que venha a bem-vinda continuação.