Este reboot da clássica trilogia dos anos 1980 (que começou discretamente com o primeiro Mad Max, 79, que poucos viram, depois estourou com Mad Max II, A Caçada Continua, 81, e finalizou com Além da cúpula do Trovão (85), todos estrelados pelo então desconhecido Mel Gibson (ele não tem qualquer participação neste filme embora o diretor agora com 70 anos seja ainda o mesmo George Miller novamente demonstrando espantosa competência para cenas de ação). Só que em vez de contar a mesma história de novo, mal se fala o nome dele, Max Rockantasky, que teria virado o Road Warrior, o diretor preferiu situar a ação na Austrália pós-apocaliptica anos depois que o herói perdeu a família, deixando apenas o fato de que sem ela não tem mais nada a perder.
Exibido em Imax e 3D, teria custado cerca de 150 milhões e foi quase inteiramente rodado no deserto da Namíbia, na África do Sul (tem o tom muito especial um pouco cor de abóbora!). Vendo o filme e suas inesgotáveis cenas de ação, sofre-se não apenas pensando pelo que passou o elenco e equipe como também de certa forma deixam o espectador massacrado: muito barulho, muita explosão, muita perseguição, quase sem descanso, num delírio de blockbuster. Correndo ao final para beber água...
Quase não se fala no filme, se explica menos ainda.
Basicamente é ação, que já começa com o Mad Max de cara nova na figura do britânico e baixo Tom Hardy, que perdeu sua grande chance ao fazer filmes com Christopher Nolan que o apresentou em A Origem, e depois o pôs como vilão de o Cavaleiro das Trevas Ressurge, 12, o Bane, só que o filme todo seu rosto esta coberto com uma espécie de mascara! Mesmo assim Hardy tem prosseguido em cartaz agora com Crimes Ocultos (Child 44, de Daniel Espinosa), em DVD no ótimo A Entrega, ultimo trabalho de James Gandolfini, e no mal visto ainda Locke (que é uma curiosa experiência com ele praticamente sozinho em cena, dentro de carro).
Enfim, ele é bom ator e eventualmente será astro merecidamente. Talvez lhe falte mais luz, brilho (aqui também esta com o rosto encoberto quase o tempo todo) mas parece incansável e uma boa escolha assim como a sempre linda Charlize Theron, que merece o nome do personagem Furiosa! (alias fala-se que uma continuação levaria o seu nome). Os dois cujo romance não passa de algumas raras encaradas entre si, enfrentam o super vilão Immortan Joe (outro que usa presas para esconder a cara! Mas se trata de um veterano ator australiano que no primeiro Mad Max era Toecutter). De qualquer ele é um semideus que comanda um grupo de escravos que vive no meio do deserto, cercado de fieis enlouquecidos que sonham em morrer para irem viver no Valhala eterno. Max consegue escapar e se unir a Furiosa que era uma das favoritas do rei mas agora escapa com algumas belas donzelas em busca de uma terra mais verde e feliz. Isso tudo leva a um confronto feminino (e onde se da mais atenção as jovens belezas, onde se destacam Zoe Kravitz (filha de Lisa Bonet e Lenny Kravitz), Rosie Huntington-Whiteley (Transformers O Lado Oculto da Lua, aqui grávida), Riley Keough (bela neta de Elvis Presley e Lisa Presley), Abbey Lee (Deuses do Egito), a estreante Courtney Eaton (Deuses do Egito). Há também uma presença curiosa na figura do já astro Nicholas Hoult (X Men, Meu Namorado é um Zumbi, Direito de Amar) que faz um jovem fanático para morrer e ir para o céu (deles).
Não há alivio cômico, nenhum comparsa fazendo graça. Quase oitenta por cento dos efeitos não são CGI, digitais, mas para valer com stunts, maquiagem, cenários, veículos verdadeiros (a não ser logicamente o braço de Furiosa). Rodado em sequência do roteiro, Era para ter sido em 2003, mas foi cancelado por causa da Guerra do Iraque e restrições a viagem (até 2009). Mas desde o princípio o diretor via o filme como uma caçada continua, com pouco dialogo e muito visual. Ao criar o visual do filme, o diretor criou duas regras: 1) que a fotografia fosse a mais colorida possível para diferenciar de outros filmes que usam foto dessaturada; 2) a direção de arte procurou ser a mais bela possível, porque mesmo aquela gente sem nada procuraria um pouco de beleza de qualquer forma.
Enfim, um super e espantoso espetáculo. E não excessivamente violento ou explicito.