Will Smith e sua mulher Jada Pinkett são os produtores desta infeliz refilmagem de um famoso musical da Broadway, de enorme sucesso e mais endereçados as crianças (pelo jeito desistiram de usar seus insuportáveis e pretensiosos filhos chamando para estrelar o projeto a menina Quvenzahné Wallis, de Indomável Sonhadora, absurdamente indicada para o Oscar® e que aqui confirma que não era atriz, apenas uma criança espontânea que não esta preparada para cantar ou dançar ou mesmo representar. Tudo ela copia e faz mal, sem passar nem mesmo o otimismo incurável do personagem.
O show Annie (1982) foi primeiro filmado pelo veterano John Huston. Eu estive nas filmagens e pude constatar que ele não era a pessoa mais adequada para o projeto, deixando tudo rolar de forma impessoal. Ao menos rodaram tudo de forma fiel, com o escore completo (e mais uma canção inédita sobre ir ao cinema, ver Greta Garbo). Não estou levando em conta os dois filmes originais feitos em cinema das histórias em quadrinhos que teriam sido Little Orphan Annie, 32 e As Aventuras de Lili, 38. Como os diretores atuais são da Columbia Sony, chegou a ser feito uma continuação de Annie com Joan Collins em 95, Uma Aventura Real, com a menina Ashley Johnson. A melhor versão foi porém de 1999, feita para a televisão pela própria Disney com excelente elenco, dirigida por Rob Marshall, que trazia a excelente Kathy Bates de vilã, Victor Garber de Warbucks, Alan Cumming, as estrelas da Broadway Kristin Chenoweth, Audra MacDonald, e até ponta da atriz que havia criado o papel de Annie no palco, Andrea McArdle.
Finalmente chegamos a atual, que foi prejudicada pelas ameaças ao estúdio e os hackers que liberaram o filme para streaming pirata. Mesmo assim não foi tão mal assim considerando-se sua má qualidade (84 milhões nos EUA e mais 33 no exterior). Além de cortarem a maior parte das canções (ao menos ficou o Tomorrow, a mais célebre) atualizaram a história e escore, fazendo tudo com som black, uma canção, Opportunity, chegou a ser indicada ao Globo de Ouro (o filme também como musical). Mas também pegou indicação de dois Razzies, refilmagem e Cameron Diaz, que é um caso a parte.
No entrecho, se conta a história de uma garota órfã que vive num asilo antes nos 30, de plena Depressão, mas não se conforma que os pais a tenham deixado. Ela é ruiva e otimista e acaba agradando o presidente da Nação, Roosevelt e um milionário egocêntrico, ajudado por sua secretária (claro que há romance entre eles). E também seu grupo de meninas amiguinhas e infelizes como ela. A vilã é a quem dirige a casa, geralmente feita por uma atriz veterana como Bates ou Carol Burnett. Mas agora colocaram Cameron que não é tão velha assim, mas está careteira, não sabe cantar, envelheceu mal enfim é um desastre completo.
Também foi uma péssima ideia transformar o milionário num político (Foxx) que concorre a eleição e usa a menina como seu cabo eleitoral. Foxx tenta bancar o ingênuo, mas foi estupidez transformar político em herói, já que mesmo por lá todo mundo sabe o que se acha deles. Bandido na certa.
Pois o filme vai de erro atrás de erro, desperdiçando os melhores do elenco (nem vou mencionar) num musical desengonçado e completamente equivocado. Que do espírito original não sobrou nada.