Crítica sobre o Blu-ray "ESPECIAL - BD + DVD" do filme "Despertar dos Mortos, O":

Jorge Saldanha
Despertar dos Mortos, O Por Jorge Saldanha
| Data: 18/05/2015

Foi preciso que a independente Versátil, conhecida pelos nossos colecionadores como a “Criterion Brasileira”, tomasse a iniciativa para que O DESPERTAR DOS MORTOS fosse lançado em Blu-ray por aqui – ainda que numa edição limitada que, até o momento em que escrevi esta resenha, é exclusiva da Livraria Cultura. A apresentação deste lançamento, para os padrões do nosso mercado, é acima da média. Os dois discos estão acondicionados em um estojo Amaray HD Case, juntamente com um cartaz 35 x 43,7 cm. O estojo é envolto numa bonita luva que, em sua frente, traz a arte vermelha do filme, e no verso destaca as especificações técnicas (já a capa do estojo, em suas duas faces, traz mais quatro artes, também vermelhas). 

Nosso lançamento aparentemente toma por base a edição japonesa comemorativa dos 35 anos do filme, que assim como a nossa contém três cortes: no Blu-ray, a versão original com 127 minutos (que traz o melhor equilíbrio entre trama, diálogos e ação) e uma versão estendida (com 12 minutos de cenas adicionais, nenhuma delas particularmente relevante e com boa parte da trilha do Goblin substituída por músicas de arquivo), ambas selecionáveis a partir do menu principal; e no DVD, a inferior versão criada pelo produtor Dario Argento para o mercado europeu (com apenas 119 minutos). E como naquela edição, a da Versátil apresenta o filme com uma leve alteração de aspect ratio: ao invés de o formato da tela ser o original 1.85:1, ele foi alterado para 1.78:1, a fim de eliminar as finas tarjas pretas que surgiriam acima e abaixo da imagem. É uma alteração que provoca cortes desprezíveis na área visível, mas que poderá descontentar os mais exigentes. Não ajuda o fato de a proporção de tela estar erradamente informada como 1.85:1 nas especificações da nossa edição.

No que se refere à qualidade do vídeo, consideradas a idade do filme e suas próprias limitações orçamentárias, ela é satisfatória. Atransfer 1080p/AVC MPEG-4 preserva algo da granulação original, porém ela varia em várias sequências. Nelas, os detalhes finos também são menos acentuados, o que indica a aplicação de DNR. Alguns danos de película (pontos e linhas verticais) ocasionalmente se fazem presente, porém não chegam a ser um fator de distração. Assim como na granulação, também constatamos variações nos níveis de preto, que por vezes estão mais para um azul escuro. As cores são vivas e estáveis, porém sua paleta deixa quase sempre azul a simplória maquiagem cinza original dos zumbis. Felizmente, não foram percebidos ruídos digitais / artefatos de compressão. Já a versão de Dario Argento, incluída no DVD, está boa para uma apresentação em SD, mas por razões óbvias é de qualidade inferior. Pesando todos os prós e os contras, temos uma boa apresentação visual deste clássico, e creio que dificilmente veremos aqui algo melhor no futuro.

Quanto  ao áudio, tanto a versão original como a estendida trazem faixas em inglês DTS-HD MA 5.1 com uma espacialidade limitada, praticamente restrita aos canais frontais. O subwoofer é utilizado de forma discreta, e principalmente na trilha musical. Apesar de uma leve variação de volume em algumas cenas, a qualidade na reprodução de diálogos, efeitos sonoros e trilha sonora é boa, reproduzindo com fidelidade o modesto sound design de 1978. Não há opção de dublagem no nosso idioma em nenhuma das versões (sendo que a de Argento, no DVD, possui uma faixa em inglês Dolby Digital 5.1), e as únicas legendas disponíveis são português.