Depois de muita expectativa, depois de assistir ao trailer mais longo e conhecer o sonho de Walt Disney nos parques temáticos com o mesmo título, somado a um certo distanciamento cético, chego a uma primeira conclusão: o filme é bacana, não é uma obra-prima, nem é dos melhores do gênero, mesmo se considerarmos produções mais antigas com suas previsões do futuro. Afinal, o que se poderia esperar de uma produção da Disney sobre o tema? Reconheço que sou fã do estúdio, assisti e vivi quase tudo o que se tem como referência no filme. Talvez conhecer a Disneylândia no início dos anos 70 com seus atrativos deste futurismo me tornou parcial neste caso. Mas vamos aos fatos. O filme não tem um público certo, tenta atirar para todos os lados. Não agrada (mas talvez nem desagrade tanto) aos adolescentes, em época de milhares de filmes sobre o tema e com heróis em quadrinhos mais poderosos. Poderia almejar aos da faixa de 9 a 13, mas para os meninos a referência se torna “chata”, romanceada demais, ao mesmo tempo em que as meninas certamente não vão gostar das cenas mais violentas. Aos de meia idade, é apenas curioso. Resta uma pequena faixa de saudosistas, como eu. Mas é pouco.
O elenco é interessante, passando pelo carisma de George Clooney, que aparece até pouco. O garoto (Thomas Robinson) que faz o seu papel quando jovem é até parecido fisicamente com ele (note o olhar), mas também fica pouco temo em cena (desculpe o Spoiler). As meninas, as verdadeiras protagonistas, são eficientes e conquistam o público, principalmente Raffey Cassidy (Athena). O sugerido vilão é o Dr. House, Hugh Laurie, mais blasé do que nunca (e que não tem nenhuma “epifanía”...). Mas o grande problema mesmo está no roteiro, que não sabe pra que lado vai. Cheio de referências, começa o personagem de Clooney tentando justificar a história e as poucas perspectivas do futuro, logo mostrando que se trata dos sonhos de um garoto na Feira Mundial da década de 60 em NY, ao tentar apresentar uma invenção, estimulado talvez pela época da corrida ao espaço. Através de um “Pin” que lhe é dado ele conhece um lugar futurista, onde o mundo pode ser perfeito ao se ter apenas os mais “desenvolvidos” humanos cujo destino é o de se ter um futuro perfeito, numa sociedade perfeita. Claro que logo ele descobre que nada disso é real, no sentido em que as pessoas nunca serão necessariamente corretas e que alguns poderão destruir este sonho, em busca da ganância. Mas o filme se perde neste conceito, não segurando a ideia inicial. Não dá pra contar muito, senão se perde a (pouca) graça de história.
Passa por referências interessantes, com bons efeitos especiais, como algumas das primeiras atrações do parque da Disney (o hoje antiquado “It’s a Small World”) e outras referências, uma loja onde os nerds com mais de 30 ou 40 se deliciarão com os produtos expostos, a engenhosa teoria sobre a torre Eiffel, os conceitos e ideias da cidadela do Futuro, mas não mantém este clima, tentando fazer “de tudo um pouco”, como robôs gigantes lutando, caindo num clichê de que o mundo deveria ter tido mais cuidado com o seu meio ambiente e seus dirigentes que podem se corromper, mesmo no futuro.
Confuso? Pois é. Assim é o filme. Mas mesmo assim eu acho que vale a pena ser visto. É só não esperar demais dele.