Como é bom saber que a Pixar está de volta aos bons tempos. O estúdio de animação que foi comprado pela Disney havia meio que se perdido, com produções menores e continuações fracas, como Carros 2, Aviões e que tais. Mas retoma agora a sua magia, com toda força. Mesmo com algumas ressalvas, como de início a definição de para qual público este filme é dirigido e que de forma. Mas será que é isso mesmo? Fica claro ao longo do filme que não se trata de conceitos, apesar de outros elementos que podem agradar, para as crianças menores, que foram atingidas no passado, por exemplo, com Toy Story e Procurando Nemo. Elas podem se confundir, embora hoje em dia nada mais me surpreenda, desde que haja uma pequena conversa antes.
Explico: este delicioso filme mostra como se comporta o desenvolvimento do cérebro humano, de forma lúdica e genial. Desde o nascimento da personagem principal até sua fase “teen”, de pré adolescência, e sua relação com o mundo exterior. E aí vem a minha admiração. Através de personagens simples o cérebro da garotinha é formado por sentimentos primários, cada um com sua importância, como se a Criação fosse perfeita através da Alegria. Outros sentimentos são acrescentados de acordo como a vida é, de fato. Foram limitadas às mais básicas, como Medo, Raiva, Tristeza e “Disgust”, aqui chamada de “Nojinho”, talvez uma de sua poucas falhas. E estes sentimentos vão formar, conforme um roteiro brilhante, núcleos básicos de personalidade e suas transformações, e de como os neurônios são formados, suas sinapses e memórias, cada uma no seu tempo. E aqui vem a maior admiração: de forma suave, com quase que as mesmas emoções, sentimentos e até lógicas vão aparecendo e construindo um roteiro que nos leva à pura diversão, e de certa forma reflexão, numa aventura que nos prende na cadeira. Desculpe se alguns termos se tornam repetitivos. Mas espera um pouco... Este filme não é dirigido pra crianças? Sim, de todas as idades, inclusive a minha, cinquentenária.
Para complementar é preciso dizer que os personagens são bem construídos visualmente, com coloração e efeitos em 3D espetaculares, assim como os demais cenários, como a reprodução de cenários passando de uma cidade pacata até São Francisco. Tudo certo, no momento certo, como o fato os mesmos sentimentos são explorados nos adultos, por exemplo. Ah, a história básica é “Riley é uma garota que saiu do Meio Oeste e se mudou para São Francisco, onde tem que administrar seus sentimentos na nova escola e vida em São Francisco, e fazer o melhor uso das emoções”. E o que poderia ser um ponto negativo até surpreende: a dublagem é extremamente bem realizada, mal dá pra identificar as vozes originais de “personalidades”, como um time de comediantes formado por Dani Calabresa, Otaviano Costa, Katiuscia Canoro, Miá Mello e Léo Jaime. E acho que finalmente um título nacional é melhor do que o original, obrigado Língua Portuguesa.
Resumo: fazia tempo que eu não me divertia tanto num filme de animação. Leve seus filhos, netos, sobrinhos. Mesmo que seja necessário algum preparo, como informar do que se trata (nada de vozes do além, por exemplo). Mas acima de tudo: é uma diversão certa, imperdível e que deve e pode ser assistida mil vezes pelas crianças de todas as idades.