Este é sem dúvida o mais modesto filme da Marvel, que leva uma hora apresentando personagens, não tem ao contrário dos outros um ator de muita personalidade que domina os eventos (tipo o carismático Downey Jr ou o poderoso Chris Hemsworth) e na primeira parte faz lembrar vários seriados de TV que usam fórmulas semelhantes. Talvez pela ausência de uma figura estelar (Paul Rudd é razoavelmente simpático mas passivo, baixinho, na vida real gordinho (e deve ter feito uma dieta terrível porque parece até mesmo enfraquecido e abatido), não tem nada de atlético e nenhuma semelhança ou identidade com as formigas que seriam suas companheiras e que mesmo estas tem uma participação definitivamente secundária e portanto injusta.
Parte do problema certamente deve-se ao fato de que o diretor britânico Edgar Wright (Scott Pilgrim, as comédias Chumbo Grosso, Heróis de Ressaca, Todo Mundo Quase Morto) foi despedido (embora ainda apareça creditado por diversas coisas, como produtor e coroteirista) e substituído pelo mais suave e gentil Peyton (Sim, Senhor, As Apimentadas, Abaixo o Amor). Difícil dizer quem reuniu o elenco de coadjuvantes primorosos, chamando vários dos que são os favoritos de séries e de público, como o ótimo Corey Stoll (House of Cards), a muito charmosa e difícil de reconhecer Evangeline Lily (The Hobbit mas também Lost), Judy Greer (recentemente em Jurassic World), um dos meus favoritos, Bobby Cannavale (dos recentes Não Olhe para Trás e a Espiã que Sabia de Menos), um ator mexicano conhecido mas que revela aqui inesperado talento para comédia e quase rouba o filme, Michael Peña, o veterano Michael Douglas (em papel central ) e até uma aparição muito bem humorada de Anthony Mackie, o Falcon, não creditado. Todos eles ajudam muito o filme que felizmente se salva nos quarenta minutos para qual foram reservados os melhores momentos de ação (e sempre com humor).
O fato é que o filme é melhor do que o trailer. Rudd faz Scott Lang, o herói sem graça que é um bom sujeito mas sem sorte. Ele sai da cadeia (para onde foi porque roubo mal sucedido) ansioso pra mudar de vida e cuidar da filha pequena (a mãe dela já se casou de novo e com um policial). Mas tem a falta de sorte de ser socorrido por amigos ainda mais incompetentes do que ele e que convencem a assaltar um cofre que ele não sabe que pertence ao cientista Dr. Hank Pyn. E este com a ajuda da filha Hope (Evangeline) tem planos para ele, começando por uma roupa miraculosa que o faz tomar o tamanho de formigas. Se é possível entender que alguém se identifique com o Homem Aranha, já que seus vôos são muito “cool”, difícil compreender a amizade mal explicada com as formigas, que voam e lutam pela justiça. Mas não são nada maneiras...”.
Os vilões estão bem representados na figura de Darren Cross, que criou o Jaqueta Dourada, que só ao final terá um duelo com o protagonista, embora suas ações não sejam muito sensatas. Mas é Marvel, aventura com humor, que parece ser acessível as crianças e que acaba resultando divertida. Ainda que em tom menor. Como nos filmes anteriores, não saia durante os letreiros porque há duas cenas especiais , uma logo bem no principio deles, e outra no final (paciência, é um habito que a Marvel criou e que virou marca registrada).