Crítica sobre o filme "Solaris":

Rubens Ewald Filho
Solaris Por Rubens Ewald Filho
| Data: 14/02/1984

Na época, esta ficção foi chamada de "a resposta russa a 2001, uma Odisséia no Espaço, de Staley Kubrick". Mas a única semelhança é que ambos tratam de ficção-científica com conteúdo místico. Ele lembra mais Planeta Proibido (54), caso ele tivesse sido dirigido por um Ingmar Bergman. Tem também bastante semelhança com o filme-testamento de Tarkovski, O Sacrifício, com a mesma simbologia de homem-família, lar-natureza. A história é difícil de resumir. Um psiquiatra-astronauta é enviado à base de Solaris - estação orbital - para verificar estranhos acontecimentos (parece que houve um suicídio). Lá encontra duas pessoas que estariam sofrendo alucinações. As coisas se complicam quando ele mesmo recebe a "aparição" de sua esposa morta. Tarkovski usa o cinema para mostrar a dolorosa relação que o homem pode ter com sua imaginação, colocando em confronto duas maneiras de pensar: a fria tecnologia, que é capaz de dissecar seus próprios fantasmas em busca de explicações racionais; e o instinto, o amor, que prefere as relações pelas sensações, pela instituição. É uma obra difícil e profunda, extremamente fora dos padrões comerciais. Tem uma narrativa lenta, até monótona, principalmente na primeira parte. Um filme para públicos especiais.