Crítica sobre o filme "Cidades de Papel":

Rubens Ewald Filho
Cidades de Papel Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/07/2015

Todos já devem conhecer de reputação o escritor John Green, o mais bem sucedido do momento na realização de livros para “Young adults” (jovens adultos), principalmente depois do êxito inclusive no Brasil, do filme baseado em seu livro, A Culpa é das Estrelas (14), na verdade um sucesso merecido. Infelizmente este novo romance não tem o mesmo impacto, nem faz chorar, nem tem um elenco do mesmo gabarito (o Ansel Elgort faz uma pontinha rápida numa farmácia e o ator central aqui, Nat Wolff, que parece um Dustin Hoffman jovem, interpretava em Estrelas o cego Isaac). A meu ver a culpa é do diretor ainda novato Jack Schreier, que veio antes de um único filme que poucos viram, Jack e o Robot, 12, com Frank Langella. Eles fez um filme padrão, sem maior sensibilidade ou criação, ou mesmo emoção. Tudo certinho mas não empolgante.

As restrições felizmente não anulam o filme graças a presença simpática de Wolff, que é o narrador da história. Mas é bom se desligar do filme anterior. Aqui um adolescente Quentin que esta no último ano da High School (ir a festa de formatura, o baile chamado de “Prom” é fato importante para eles e na história) recorda uma garota que foi muito marcante em sua vida, a vizinha Margot Roth Spielgelman (a origem judaica não é especificada nem desenvolvida na trama nem dela nem dele!). Ela é uma figura excêntrica desde pequena e depois de uma experiência infeliz, se afasta de Quentin parece se envolver com outra turma na escola (enquanto ele tem dois amigos nerds, uma deles um jovem negro com cara de Simonal). Claro que continua apaixonado (Margot é interpretada por uma modelo do momento - que aliás assumiu faz pouco tempo uma relação lésbica, Cara Delevigne, inglesa de família de nobres, que esteve também em Anna Karenina, e faz uma sereia no futuro Peter Pan).

Até uma noite em que ela entra pela janela e o convence a ajudá-la numa missão de vingança de todos aqueles que segundo ela a traíram, começando por um namorado, a melhor amiga e concluindo no alto de um prédio de Orlando (no livro eles vão ao Seaquarium, o que teria maior impacto). Isso basta para fazer com que Quentin se derreta todo novamente e fique mais desorientado ainda quando Margot desaparece sem deixar vestígios. Isso que pensa até descobrir pistas que o levam até um conceito curioso do que seria Cidade de papel (se não for verdade, é bem contado no filme, seria o seguinte, quando fazem um mapa os profissionais sempre inventam uma cidadezinha fictícia para impedir que o mapa seja copiado por outros!).

Quentin então resolve ir atrás dela numa Road Trip onde pegam carona também os amigos (antes disso há uma daquelas festas bem de filme americano). Enfim, daí em diante o filme se torna uma elegia as mulheres/jovens que amamos as mais interessantes, mais originais, mais atraentes. Razão suficiente para assisti-lo.