Crítica sobre o filme "Steve Jobs":

Rubens Ewald Filho
Steve Jobs Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/01/2016

Os norte-americanos não esperavam que fosse um fracasso tão grande de critica e público esta nova biografia de Steve Jobs (1955-2011) principalmente porque foi dirigida pelo famoso e prestigiado britânico Danny Boyle (que levou o Oscar por Quem Quer Ser um Milionário e fez sucessos como Trainspotting, Extermínio e 127 Horas). Ainda mais porque o roteiro é de outro nome famoso e cultuado da televisão Aaron Sorkin, premiado com Oscar por A Rede Social, autor de Questão de Honra e series importantes como The Newsroom, West Wing e filmes como O Homem que Mudou o Jogo.

Além disso, garantiram o filme com um elenco de prestígio começando com o irlandês-alemão Michael Fassbender (mesmo não sendo especialmente parecido com ele, é carismático e esta na moda apesar da besteira de seu recente Macbeth) seguido por Kate Winslet (que consentiu em favor um papel secundário, sua assistente, mas mudou o tipo, ficou morena e tem uma presença muito forte e interessante tanto que tem sido indicada para os prêmios). Mas o problema parece ter sido o fato de que o assunto já foi por demais explorado em documentários (como The Man in the Machine), telefilmes (Piratas da Informática, 99 e Jobs, 13) e uma produção modesta mas não desprezível com Ashton Kutchner. A sensação do público é que já viram este filme antes e se for o caso não precisam se abalar em sair de casa.

Ainda assim eu gosto da direção inquieta de Boyle, que cria um clima envolvente, uma fotografia inquietante (chegou a requinte de rodar certas sequências mais antigas em 16 mm, depois 35 e finalmente digital para demonstrar a evolução técnica da Apple), mas aceitou um script fora de ordem cronológica. Então o roteiro escrito por Sorkin vai e vem chegando por vezes a ficar difícil de seguir e pular certas coisas (por exemplo, o ponto mais baixo da carreira foi quando ele recusou a reconhecer a filha, mas o personagem dela deixa a menina ainda mais esperta do que o pai! Posso me enganar mas acho que Fassbender resolveu dar uma simpatia inexistente a Jobs).

Curiosamente quem iria fazer o filme era David Fincher, mas ele pediu salário de 10 milhões (que foi recusado, o filme todo teria custado cerca de 30). Christian Bale era para fazer o papel seguido por Leonardo Di Caprio, mas ambos recusaram. Steve Wozniak co-fundador da Apple, foi consultor do filme e ajudou Seth Rogen a compor seu personagem. O filme tem visivelmente 3 atos (basicamente em cima de 3 lançamentos marcantes na carreira de Jobs, o Macintosh, em 84, Next em 88, the Imac em 98) e por isso foi rodado em continuidade (mas depois de feito o primeiro ator, havia um ensaio de 2 semanas). O filme foi indicado ao Globo de Ouro (ganhou por Winslet e Sorkin), SAG (Fassbender e Winslet) e Critic´s Choice (ator e atriz). Mas não vejo fora os atores grandes chances para o Oscar.