Crítica sobre o filme "Victor Frankenstein":

Rubens Ewald Filho
Victor Frankenstein Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/11/2015

Será que alguém ainda está disposto a ver mais um filme de Frankenstein? Eu confesso que não e os primeiros indícios da bilheteria americana também parecem indicar que o filme, que estreia simultaneamente, não vai bem de bilheteria por lá. Mas Landis (que escreveu Poder sem Limites e American Ultra, que estreou aqui também esta semana), o roteirista chega a creditar a autora original Mary Shelley mas a toma muitas liberdades . O diretor McGuigan ficou conhecido com um Cult de festivais, inclusive aqui chamado Acid House e depois insistiu em policiais como Os Gângsteres (2000, Gangster Number One, com Malcolm McDowell), Um crime de Paixão (Reckoning, 02 com Dafoe e Bettany), o fraco Paixão a Flor da Pele (Wicker Park, 04, com Josh Hartnett, Dianne Kruger), Xeque Mate (Lucky Number Slevin, 06, com a mesma dupla acima), Heróis (Push, 09, com Camilla Belle). E muitos episódios de séries de TV. Ou seja, nada memorável. Mas o filme tem uma excelente direção de arte, muito feliz construindo em detalhes a casa do Victor e depois um castelo medieval onde acontece o clímax. E continuo admirador do ator escocês James MacAvoy (o jovem Xavier em X Men, dá um show no inédito Filth, revelou-se em O Procurado e como Mr. Turmnus em Nárnia). Ele faz o cientista/médico desequilibrado de maneira muito mais vibrante e convincente de que os anteriores (seja como o barão Frankenstein, ou variações disso, já foi vivido no cinema e TV ao menos 110 vezes! Entre outros por Peter Cushing, John Carradine, Joseph Cotten, Sting , Rossano Brazzi, Raul Julia, Benedict Cumberbatch e o único melhor que ele foi Gene Wilder em O Jovem Frankenstein de Mel Brooks).

Outra figura marcante é o Harry Potter, digo Radcliffe, que faz o corcunda Igor (que afinal de contas não é um corcunda o filme mostra), com seus profundos olhos azuis e a pequena estatura parecendo confuso em assumir logo que é um gênio ou deficiente, mas nunca conseguindo convencer como galã que conquista a mocinha que caiu do trapézio (ou coisa que o valha). Na verdade, o roteiro do filme tem um numero incrível de furos e besteiras sem explicação. Eis algumas: a heroína Jessica Brown - que fez antes Lady Sybill em Dowtown Abbey e Um Conto do Destino - faz Lorelei, que cai no circo e quase morre sendo salva por Igor, que mais tarde irá ajudá-la num hospital. De repente, a moça já esta na alta sociedade aparentemente caso de um gay rico que some e Lorelei sabe-se lá que é na vida, talvez prostituta, mas dali em diante o romance será aberto e sem problemas, além dela aparecer sempre o ajudando (a ceninha final dela? Como foi parar no alto do castelo??).

Temos mais: Igor é gênio mesmo e deve ter aprendido a escalar montanhas já que chega ao castelo ascendo rapidamente pelo terror íngreme e tempo inclemente.

Mais, não demora muito para Victor se revelar um psicopata tresloucado mas não fica muito claro também quem diabos era o irmão dele, revelado pelo relógio e de repente virando monstro. Melhor fazer de conta que entendeu. Para não falar de dois outros vilões, o Inspector Turbin é outro demente que invade a casa do Victor e depois é castigo porque não tinha mandado de busca (será que isso já existia na Inglaterra vitoriano, duvido muito! Enfim, o personagem é outro destrambelhado feito pelo hoje famoso Andrew Scott famoso pelo C do atual Spectre e o Moriarty do atual Sherlock Holmes (que por sinal não me convence).

Outro problema foi que assisti o filme no Cinemark em versão dublada. O som estava baixo e a voz de Igor tinha um irritante sotaque carioca cheio de chiados. Não era mal dublado, simplesmente é tudo meio tom, completamente inferior as interpretações originais. Imagino como deve ficar quando eles censuram os palavrões. Enfim, já vi piores Frankenstein e ninguém tirou ainda o lugar do lendário (Boris) Karlff como o monstro original (que aqui não tem identidade clara).