Crítica sobre o filme "Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme":

Rubens Ewald Filho
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/01/2016

Esta animação era uma das preferidas na lista dos cinco finalistas para o Oscar da categoria (mas ficou de fora), até porque foi razoavelmente bem sucedido nas bilheterias (custou 99 milhões e rendeu 127 milhões de dólares). Co- roteirizado por dois filhos do criador Charles M.Schulz (1922-2000) o filme ao menos cumpre sua missão de atrair um novo público infantil para os personagens, já que houve uma determinação de fugir das tiras originais de quadrinhos. Começando alias pelo título nacional, onde Snoopy é o primeiro nome, a estrela, já que Charlie Brown virou apenas um garoto tímido que não consegue falar com a menina que gosta de sua sala de aula! E pronto.

Assisti como velho admirador das tiras de quadrinhos e até colecionador das revistinhas sem esquecer de ter também acompanhado a maioria dos longas ou especiais de TV, já que foram feitos cerca de 39 filmes, entre longas para cinema ou especiais para televisão.

No final das contas, a animação é muito colorida, movimentada, cheia de aventuras e confusões (inclusive porque Snoopy como astro legítimo gasta um tempo enorme nos seus delírios como aviador). Tudo é bastante agradável para crianças, o que esta faltando é justamente a personalidade de todas as personagens, muitas vezes impertinentes e neuróticas e por isso mesmo notáveis. Aqui fizeram o possível para deixá-las banais e corriqueiras e simplesmente eliminaram as filosofadas e conceitos sobre a vida e infelicidade, que tornaram Charlie tão inesquecível e cultuado pelos jovens e até adultos.

Acho um crime absoluto tirar de Charlie e os amigos e parentes por extensão, sua personalidade, já que foi isso que o diferenciava de outros cartoons e sempre provoca na gente um riso amargo. Se lembro bem havia sempre canções e uma certa delicadeza na narrativa, que procurava conservar o tempo das tiras. Aqui virou um desenho qualquer, com ação e identificação fácil, aceitável talvez mais por causa do dinheiro (o personagem obviamente havia perdido sua popularidade com a morte do autor) do que pelo amor a antiga criação. As crianças podem assistir, mas é muito triste ver que mataram a mitologia de Charlie Brown.