Não me lembro de outro caso semelhante. A revista Veja desta semana aproveitando toda a polêmica em cima do impeachment e a discussão sobre a corrupção que assusta o país, concordou em fazer uma capa “estrada”, trazendo o cartaz deste filme, devidamente disfarçado para dar a impressão de que o filme e a realidade se completam. Nem tanto. Mas ainda assim é um marketing ousado e muito raro no Brasil, ainda mais com uma revista dessa importância.
Tomara que desperte a atenção do público brasileiro atualmente desligado de nossos filmes, mesmo tendo alguns de qualidade na safra recente, já que segundo a produção é inspirado em fatos reais, ocorridos no Mato Grosso. A história de Vitor um juiz jovem e recém empossado numa cidade da fronteira com o Paraguai que tenta impor a lei acabando com o domínio de traficantes. E paga um preço alto por isso.
Não chega a ser uma história muito diferente de outras, mas o diretor Sergio Rezende procurou lhe dar verossimilhança. Naturalmente o Brasil esta de tal jeito que os bandidos do filme não chegam aos pés da atual realidade. Por isso fica um pouco difícil acreditar que o herói protagonista seja tão ingênuo para agir de forma tão destemida e amadora. O que é um problema porque hoje em dia tanto o Cinema quanto a TV norte-americana aborda esses temas com frequência e maior emoção. E esta sendo muito difícil competir com as séries e seus roteiros fortes e sem medo.
A ingenuidade de Victor também é comprometida pela maldição que ainda sofre Mateus Solano, um ator desenvolto mas que continua a lembrar performances passadas. Seu interesse romântico é feito por uma procuradora talvez bela demais, já que é Paolla Oliveira esta entre as mais interessantes atrizes do momento. Além disso, vilão sempre é um melhor papel e Chico Diaz é um mestre de papéis de composição, a quem dá sempre veracidade.
Fica difícil acreditar que algo mudou ou vai mudar ainda mais nos confins do Brasil. Sempre resta o mérito da tentativa de fazer mudas as coisas erradas, a denúncia é válida, o esforço bem vindo.