Para aproveitar o dia dos namorados, este filme teve bom lançamento no Brasil. Afinal o livro já é Best-seller também por aqui e a julgar pelas amigas minhas que choravam ao redor, vai emocionar muita gente. Não me atingiu porque implicante como sempre, eu comecei a reclamar de fazerem um filme em que propagam e defendem a nova forma de eutanásia. Posso até considerar uma solução, mas não me surpreendeu ver como tema principal de uma love story. Além disso isso foi muito criticado nos EUA por pessoas que na vida real sofriam de problemas de locomoção e afins, assim como o do herói (o que reclamam é que ele não podia tentar cortar os pulsos mas há a explicação no livro de que tentou isso usando um prego que existia na parede). Não sei se isso irá afetar o público alvo (rendeu pouco mais de 56 milhões de dólares), apesar de que o filme britânico tem os encantos da produção local: lugares chiques e paisagens adoráveis (imagem que o protagonista da história chamado Will Traynor não é apenas riquíssimo, bonitão e bem-amado, como ainda por cima é dono de um enorme e antigo castelo (que é o Pembroke Castle, no País de Gales!). Ou seja, tudo é muito bonito, fotogênico, muito rico, até os pobres que tem que trabalhar e precisam de emprego para viver (uma coisa que raramente se vê em comédias românticas norte-americanas). Ou seja, a fórmula funciona bem, tem boa trilha, muita comédia, citações de outros filmes (eles assistem o francês Homens e Deuses em DVD e depois ela quer ver o filme de Almodovar!), isso para não falar de locações em paraíso tropical Majorca no caso (curiosamente Claflin só herdou o papel quando Tom Hiddleston teve que desistir do projeto, ela era amiga da diretora estreante em longa, Thea, que antes só havia dirigido episódios de duas séries de TV, Call the Midwife e The Hollow Crown).
A estrela do filme, Emilia Clarke, naturalmente é famosa por Game of Thrones, onde faz Daenerys Targaryen, a mãe dos Dragões. E depois disso já fez mais dois filmes. Antes, esteve no malsucedido O Exterminador do Futuro Genesis (onde não deixou maior impressão), o divertido A Recompensa com Jude Law, e o inédito aqui Spike Island, 12, sobre banda de rock.
Sam Claflin foi revelado na série Pilares da Terra, e chamado para Piratas do Caribe Navegando em Águas Perigosas (onde namorou a sereia), teve bom papel em Branca de Neve e o Caçador, e a maior chance com a trilogia de Jogos Vorazes (entrou em Em Chamas, 13), esteve no fracasso O Caçador e a Rainha do Gelo, e está filmando My Cousin Rachel, com Rachel Weisz.
O elenco de apoio tem a excelente Janet McTeer (como a mãe do herói), indicada duas vezes ao Oscar (Livre para Amar, 99 e Albert Nobbs, 11). Como marido dela, está outra figura de Game of Thrones, Charles Dance (onde é Tywin Lannister). Gostei muito da jovem Jenna Coleman, que faz a irmã mais nova da heroína e pareceu encantadora. Fez muita TV (Doctor Who), mas em cinema se registra apenas Capitão America: O Primeiro Vingador, ou seja, só agora está sendo descoberta. Também o filme deve ajudar muito a carreira do rapaz que faz o trainer, o australiano Stephen Peacocke (até agora sem destaque em tudo que fez).
Mas isso são detalhes queria enfatizar de novo que é um filme agradável de ver já que o espectador entra no filme esperando a crise. Acho que funciona muito bem a figura de Emilia Clarke, que está completamente diferente do que na série de TV. Ela faz humor, sem cair exatamente na caricatura mas perto. Ela é uma alegre e despreocupada desempregada de 27 anos, que tem que arranjar trabalho para ajudar a família em crise financeira e por isso com relutância aceita ser acompanhante do filho dos nobres locais, que sofreu um grave acidente (foi atropelado por moto e está paralisado numa cama, sofrendo muito e querendo morrer). Como a moça é alegre e efervescente (para não se dizer muito de suas roupas) aos poucos o vai conquistando até mesmo os pais do rapaz na esperança de que ele melhore. O filme que nunca é surpreendente e segue direitinho os esquemas de outros romances do cinema, tem, porém, certo encanto (talvez porque seja um drama romântica feito em tom de comédia) e apesar dos pesares acaba funcionando. Francamente já vi coisas muito piores em dias de namorados. Chorar em cinema não faz mal a ninguém.