Crítica sobre o filme "Lenda de Tarzan, A":

Rubens Ewald Filho
Lenda de Tarzan, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 21/07/2016

Quem diria que este novo e recente Tarzan é uma boa surpresa, possivelmente o melhor filme de toda a série. Eu deveria ter tido mais fé, considerando que o diretor David Yates fez um bom trabalho com os 4 capítulos finais da série Harry Potter e soube fazer um filme de aventuras inteligente, moderno, lembrando um pouco o recente Mowgli, o Menino Lobo só que menos juvenil e fantasioso, sem trair os mitos originais (não tem Cheeta mas estão lá os gorilas, o estouro de boiadas, originalmente de elefantes, agora dos mais variados animais. Além de belezas naturais principalmente da África, no Gabão). Na verdade, nos últimos anos a figura de Tarzan, o rei da Selva, criado por Edgar Rice Burroughs (1875-1950) tem parecido ultrapassado e fora de moda, uma incongruência nestes tempos de viagens espaciais. E até outra obra do autor John Carter, Entre Dois Mundos, 12, foi um imenso fracasso. O IMDB registra 94 títulos com o personagem, sendo o anterior de 1999, o desenho animado de Disney, e o mais reconhecido o Greystoke, a Lenda de Tarzan, o Rei da Selva, 84, de Hugh Hudson, que além de ter sido o mais próximo do livro original também foi a base para a atual adaptação (Christopher Lambert que fez o papel tem até certa semelhança com o ator atual, o filho de Stellan Skasgaard, o Alexander que havia ficado famoso pelas cenas de sangue e nudez da serie True Blood!). Talvez o pior tenha sido Tarzan, o Filho das Selvas, 81 feito por John Derek para exibir a nudez de sua mulher Bo Derek. O primeiro foi de 1918, com Elmo Lincoln, e obviamente o mais famoso foi Johnny Weissmuller (1904-84), campeão Olímpico de natação, que estrelou a série na MGM e depois RKO (de Tarzan, o Filho das Selvas, 32, até Tarzan e as Sereias, 48), para depois assumir o papel de Jim das Selvas.Foi seguido por outros intérpretes populares, Lex Barker, Gordon Scott, Jock Mahoney, Mike Henry (que rodou no Brasil), Ron Ely ( o primeiro na TV), e os australianos Travis Fimmell e Kellan Lutz.

Isto é, por mais lendário que seja, é difícil fazer algo de novo que tenha algum impacto com o personagem. No caso, a maior qualificação do ator sueco é seu corpo moldado e sua altura acima da média (ainda bem que não chamaram como pretendiam o horrível Henry Cavill, o baixinho Tom Hardy, ou o estranho Charlie Hunnam). Emma Stone ou Jessica Chastain iam fazer Jane, mas por sorte escolheram a belíssima e eficiente estrela de O Lobo de Wall Street (Margot Robbie ) e também australiana.

Se Alexander não é exatamente carismático tem uma cara de sincero e corre que nem louco numa série de aventuras interessantes. A história parte de Greystoke (ou seja, ele é um nobre britânico que deseja ajudar seus amigos na África, inclusive os gorilas, sendo que a melhor frase do filme é quando ele quer se vingar de um bandido que matou um animal, explicando raivoso: “ela é minha mãe!”). O interessante da trama, porém, é que ao que eu saiba é a primeira vez onde se culpa e critica abertamente uma potÊncia estrangeira, no caso o rei da Bélgica, que ao conquistar o chamado Congo Belga, mataria milhões de pessoas e também animais com incrível ferocidade. E quem esta a seu serviço é Leon Rom, o vilão favorito do momento Christoph Waltz (com toda malevolência ele está até discreto). E embora difícil de acreditar na verdade de seu personagem quem ajuda bastante no filme com o habitual senso de humor é Samuel L. Jackson, que faz um americano que vem ajudar Tarzan.

Enfim, a crítica está repleta de História em respeito a um dos ídolos de minha infância e pelo prazer de vê-lo respeitado num filme tecnicamente primoroso de pura aventura e que não ofende nem os africanos nem o espectador.