Crítica sobre o filme "Um Dia Perfeito":

Rubens Ewald Filho
Um Dia Perfeito Por Rubens Ewald Filho
| Data: 21/07/2016

Premiado com o Goya de melhor roteiro adaptado (também indicado como diretor, montagem, coadjuvante Robbins, figurino, foto e produção) este filme espanhol foi muito bem recebido no Festival de Cannes, na Mostra Paralela Quinzena dos Realizadores, onde foi ovacionado por 10 minutos. Rodado em Andaluzia e Cuenca (La Mancha) e Málaga, todos na Espanha, com elenco internacional é a confirmação do talento do diretor Leon de Aranoa, que fez o ótimo roteiro e direção de Segunda Feira ao Sol, Princesas e No Gueto de Madrid e depois realizou Segredos em Família.

Não chega a ser um filme de denúncia, nem tem grande apelo comercial. Porque é um road movie, passado em algum lugar dos Bálcãs, repleto de ironia e um humor particular, que provoca sorrisos irônicos e nunca chega à farsa. Por outro lado, os atores estão em grande forma, relaxados e inspirados, exatamente no tom que o diretor procurou conseguir. Basicamente é um conflito sem sentido, como alias a maior parte de qualquer guerra, mas ainda gritante na sangrenta luta entre povos vizinhos e que deveriam ser parceiros.

Começa quando o chamada guerra está já na sua parte final, e um grupo vem ajudar a tirar um corpo (de gordo desconhecido) que está num poço de água o que, portanto o torna perigoso seu aproveitamento. A primeira tentativa falha quando a corda se rompe, mas quando procuram ajuda, esbarram numa estúpida burocracia porque os militares não apenas recusam ajudar mas também impedem que eles o façam. Formam o grupo Benicio Del Toro (na melhor forma), Tim Robbins (maduro e melhor ator que costume), a russa e Bond Girl, Kurylenko e francesa Thierry.

Não há pressa em apressar a história, ela é contada como a placidez aparente da paisagem e a falta de esperança de gente bem intencionada mas já cínica. Por isso, que praticamente não tem ação, nem grandes dramas (apesar de Benicio e Olga tenham sido antes namoradas, e Thierry é cheia de verdades e despreparada). É preciso ter paciência e entrar no ritmo e saborear um trabalho inteligente e bem sucedido. Meu momento favorito é ao final onde se tem uma surpresa e um desfile de rostos e paisagem, enquanto se ouve uma velha gravação da lendária Marlene Dietirch cantando com sua voz rouca e limitada. Quando será que o jovens irão aprender? Vale a pena assistir.