Crítica sobre o filme "Mulher-Maravilha":

Rubens Ewald Filho
Mulher-Maravilha Por Rubens Ewald Filho
| Data: 31/05/2017

Acho que foi uma boa coisa eu conhecer bem pouco da série de TV homônima de muitos anos atrás mas de certo sucesso que foi a  Mulher-Maravilha (de 1975 a 79), estrelado pela bela mas canastrona (e depois alcoólatra) Lynda Carter. Vendo hoje é extremamente ingênua e juvenil e nada tem a ver com esta nova versão, que acabou sendo uma feliz e inesperada surpresa.

É muito interessante que a Warner tenha escolhido para dirigir este filme Patty Jenkins (mulher dirigindo já é raro, mas fazendo um blockbuster é algo para festejar). Mais curioso é também o fato de que Patty, embora tenha feito episódios de séries de TV, como o piloto do sucesso The Killing, só teve um longa de sucesso e assim mesmo uma produção muito barata e particular, que foi Monster - Desejo Assassino (2003) que deu um Oscar a Charlize Theron! A escolha aparenta ter sido justamente do produtor e também autor Zach Snyder, que costuma também ser diretor (em filmes de qualidade discutível como 300, Sucker Punch, Watchmen) que largou um pouco a carreira para se recuperar da tragédia em família porque sua filha se suicidou!

O fato é que apesar da grande quantidade de aventuras baseadas em quadrinhos, esta foi aplaudida com entusiasmo pelos fãs que se comportaram entusiasmados com esta nova concepção do que poderia ter sido um desastre. Antes de tudo tem se que louvar o acerto da escolha da protagonista, a israelense Gal Gadot (foi Miss Israel, em 2004, filmou no Brasil a parte 5 de Velozes e Furiosos, Operação Rio, 11, nascida em 85, esteve também nas duas continuações). Não é uma atriz muito experiente (e até da umas poucas escorregadas quando tem cenas de tensão e não consertaram a voz) em compensação é extremamente bonita, atlética (as cenas de luta são brilhantemente encenadas, com efeitos novos e muito eficientes). Sua presença é absolutamente sedutora e além de tudo vai crescendo durante o filme. A trilha musical é das mais aflitas e altas de arrebentar tímpanos que já assisti.

Não gosto da parte inicial quando tentam mostrar como viviam as Amazonas, numa ilha muito bizarra (a verdade é que a direção de arte e também o figurino das moças, não consegue fugir do brega. Parece aqueles filmes italianos horrendos dos anos 60 do mesmo tema). Como também é um desperdício de duas atrizes conhecidas, quando disputam a filhota, no caso Robin Wright e a Connie Nielsen de mãe (ela é de Gladiador, Robin faz a generala! É a ex-senhora Sean Penn, estrela de House of Cards). Mas a sequência inicial assusta e o filme só começa a melhorar quando floresce uma história de amor bem humorada quando a heroína Diana Prince (Gal) percebe que há alguém em perigo e acaba salvando um espião confesso, Steve Trevor, que está sendo perseguido por um bando de alemães o que irá provocar uma complicada batalha que introduzirá as habilidades da heroína. É lógico que o casal ira se apaixonar (o romance deles é de porta fechadas e não mostram como eu suponha uma filha para Diana, quem sabe guardam para um próximo filme!). De qualquer forma, a luta de sexos entre o casal resulta em momentos bem engraçados e uma das melhores ações do ainda jovem galãzinho Chris Pine (ele tem cena de semi-quase nudez. Nada porém com Gal, que permanece de shorts e armas).

Felizmente o filme vai crescendo embora novamente se perca um pouco quando vai tentar mostrar um conflito passado na Primeira Guerra Mundial como os alemães como super vilões (embora se apresente ataques de gases, eles parecem mais nazistas da próxima guerra), e o conflito franco/alemão em trincheiras, embora discutível, escapa porque finalmente a mocinha vai a luta mesmo com ideias discutíveis sobre um Deus (suponho que do Olimpo) que ela acha que é um oficial maluco (papel do Huston, irmão de Anjelica) que anda com outra cientista maluca (um personagem extremamente mal desenvolvido). Mas tudo sempre se resolve com o escudo poderoso e o chicote dourado que dá bons efeitos.

É interessante também o fato de que o roteiro utilize amigos/ parceiros de nacionalidades diferentes e no diálogo acaba surgindo referências sempre oportunas e críticas aos nativos (índios) americanos, o inglês bêbado e o árabe esperto mas sofredor (não me lembro de ter visto isso antes em filmes do gênero). Enfim, Gal arrasa (detalhe: não teve a cena no final dos letreiros como estava se tornando costume e tradição). Esse lado até filosófico chega a crescer mais ainda quando o vilão maior (não vou dizer quem) irá tomar outro rumo. E também no abre e fecha do filme quando Diana também filosofa bastante sobre futuro, bem e mal.

Um último detalhe: com ou sem chatices de critico, o novo  Mulher-Maravilha funciona bem e até me provocou uma inesperada emoção fina. Como sempre lá eu vou ver de novo!