Crítica sobre o filme "Folhas Mortas":

Rubens Ewald Filho
Folhas Mortas Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/06/2018

Joan Crawford (1906-77) foi uma das estrelas ou atrizes mais celebradas em sua longa carreira, que teve seu apogeu nos estúdios da MGM e mais tarde, já nos anos 40, na Warner, onde conseguiu seu tão desejado Oscar de melhor atriz num thriller romântico ainda hoje clássico Alma em Suplício (Mildred Pierce, 45) que foi lhe abrindo portas para outros filmes do gênero. E só teria depois duas indicações com Precipícios D´Alma (Sudden Fear, 52) e Fogueira de Paixões (Possessed, 47). Mesmo assim lutou como uma fera pela sobrevivência e por papéis fortes, inclusive mais tarde com O Que Aconteceu com Baby Jane? em conflito com a outra estrela Bette Davis. Um de seus truques foi manter um romance secreto com o diretor Robert Aldrich (1918-83) tanto em Baby Jane quanto neste melodrama romântico que foi um dos papeis favoritos de Joan. Embora tenha feito mais sucesso até por causa do tema musical célebre interpretado pelo lendário e excepcional Nat King Cole (cantando aqui em inglês, com a voz doce e romântica de Cole de uma música que na verdade vinha da França, onde foi um êxito mundial!). Na época ainda se faziam filmes em preto e branco, e Joan sustentava seu personagem de mulher boa ou má, a forte intensidade deixava sempre uma dúvida no espectador. Aqui ela faz Millicent Wetherby, uma mulher de meia idade que vive solitária e infeliz, que se apaixona por um jovem chamado Burt Hansen (feito pelo então bem jovem Cliff Robertson, que eventualmente ganharia um Oscar de melhor ator por Os Dois Mundos de Charlie). Os dois se apaixonam, mas começam a correr boatos de que ele é doente mental perigoso. As coisas se complicam mais quando uma jovem que se apresenta com a esposa dele se apresenta (o papel é feito pela então atriz favorita de John Ford e Hitchcock que a colocou em Psicose e ainda está viva, Vera Miles). A situação vai se agravando para a tristeza de Joan. Alias, ela gostou muito de trabalhar com Cliff, que achou um ator correto e sincero (e ele também vice-versa citou sempre uma piada dela, que brincava, você quer que eu chore com o olho esquerdo ou o direito!). Uma trama meio antiquada certamente mais adequada a mulheres de uma certa idade. Mas que não deixa de ter seu charme.