Crítica sobre o filme "Dançando nas Nuvens":

Rubens Ewald Filho
Dançando nas Nuvens Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/07/2018

Embora tenha bons momentos, Gene Kelly nunca gostou muito deste musical que estrelou e co-dirigiu. Talvez porque a própria história seja um pouco amarga e sem o mesmo tom de alegria de trabalhos anteriores. É verdade que tem um excelente número musical de Kelly dançando de patins chamado I Like myself, e Cyd Charisse, que aparece pouco, continua deslumbrante noutro número num ringue de boxe. Mas o filme insiste em lançar uma atriz de shows da Broadway Dolores Gray (que faria muito pouco no cinema, aqui como uma apresentadora de programa de televisão). Na verdade, foi concebido originalmente para o palco como se fosse uma espécie de continuação do clássico Um Dia em Nova York (On the Town, 49, com Sinatra, Kelly e Jules Mushin, sendo que deles apenas Kelly está neste filme). Mas o então chefe da Metro Dore Schary não queria mais Sinatra (que ficou insuportável e difícil) e Jules (que tinha diversos medos e problemas). Acabaram resolvendo o problema contando a história dos três velhos amigos que tomaram caminhos diferentes na vida e agora mal se suportam.

Ainda que os dois atores chamados fossem exímios dançarinos, como o astro da Fox Dan Dailey e o famoso coreógrafo futuramente premiado com o Oscar, Michael Kidd. Eles combinaram de se encontrar depois da Guerra, mas todos têm raivas e problemas, que ficam mais claros quando são chamados para aparecer no show da TV. Eventualmente isso será resolvido, mas não salvou o filme que foi um dos grandes fracassos de bilheteria do estúdio (perdendo um milhão e seiscentos mil, uma quantia enorme para a época). Feito quase todo em sets do estúdio, com Cyd Charisse dublada nas canções por Carol Richards e Kidd por Jud Conlon. Existe um DVD da Warner que traz três números musicais inéditos para o público, que foram Love is Nothing like a Rackett, com Kelly e Cyd, outro para Kidd (Jack and the Space Giants, onde dançava para crianças e partes inéditas de The Binge com o trio). Foi também o último filme do estúdio baseado em danças. Foi rodado pelo sistema Cinemascope que Kelly não aprovava. Embora não seja o melhor dos envolvidos, ainda tem bons momentos musicais.