Crítica sobre o filme "Pavor nos Bastidores":

Rubens Ewald Filho
Pavor nos Bastidores Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/11/2018

Hitchcock voltou para a sua Inglaterra natal depois de vários anos para realizar esse filme, mas não acertou. É um filme policial até banal, com elenco inadequado e muito inferior ao que o diretor vinha fazendo na época. É dos filmes que ele menos gosta porque acha que fez mal em enganar os espectadores, mostrando cenas que depois se revelam mentiras (essa é uma regra, nunca mentir, que ele nunca mais quebrou). Além disso, ele detestava o ator central que considerava inexpressivo (e realmente Mr. Todd não foi longe). Também Marlene cantando desequilibra o filme (mas as canções são de primeira, “La Vie en Rose” e “The Laziest Gal in Town”, de Cole Porter), coisas também anti-Hitchcockianas. Como todo filme do diretor, tem seus momentos e defensores, como Rohmer e Chabrol que demonstraram uma inovação técnica, o famoso “retour en arrière” (volta para trás), no começo. Há também uma famosa cena num táxi. Elogiam ainda o uso de closes, câmera lenta, humor negro, fotografia sugestiva e cenas sem diálogos. Marlene vestida de Dior não está em seus melhores dias. A heroína Wyman, ex-mulher de Ronald Reagan, tinha recentemente ganhou o Oscar por Belinda. Wilding, que faz o inspetor, pouco tempo depois se casaria com Elizabeth Taylor. Hitchcock faz sua ponta, virando-se para ver Eve (Jane) disfarçada de camareira da estrela.