Crítica sobre o filme "Guerra do Vietnã no Cinema, A: Os Rapazes da Companhia C, Academia de Heróis, Inferno Sem Saída, Comando de Heróis, Longe do Vietnã, Querida América: Cartas do Vietnã":

Rubens Ewald Filho
Guerra do Vietnã no Cinema, A: Os Rapazes da Companhia C, Academia de Heróis, Inferno Sem Saída, Comando de Heróis, Longe do Vietnã, Querida América: Cartas do Vietnã Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/11/2018

OS RAPAZES DA COMPANHIA C

Este é um dos primeiros e melhores filmes feitos sobre a Guerra do Vietnã, bastante realista e honesto. Que, na verdade, melhorou com o tempo. Uma de suas curiosidades é ter revelado o soldado autêntico Ermey (que ficaria famoso como o violento chefe de Nascido para Matar de Stanley Kubrick). Outro ponto importante é a presença do diretor canadense Sidney Furie, ainda vivo, com uma longa e importante filmografia (nascido em 1933, fez dentre outros 56 créditos, Ipcress, O Arquivo Confidencial, Superman IV, Águia de Aço, Sangue em Sonora com Brando, Máquinas Quentes, O Ocaso de uma Estrela, Os Ídolos Também Amam. A história se passa em 1967, quando 5 jovens passam por treinamento militar antes de serem enviados ao Vietnã. Ao chegarem lá, veem que a realidade da guerra é muito pior do que imaginavam. Assustados com a corrupção no Vietnã do Sul e assustados pela incompetência de seu comandante, eles procuram um jeito de escapar da guerra. Logo descobrem que nada no Vietnam é simples. Andrew Stevens, filho de Stella e conhecido depois como produtor, foi indicado ao Globo de Ouro. Dos membros originais dos soldados da Companhia C, 110 foram mortos em ação, 51 foram feridos, 3 desertaram. O palavrão Fuck é usado 112 vezes no filme.

 

ACADEMIA DE HERÓIS

Este é praticamente um filme desconhecido sobre o Vietnã, mas que foi se tornando cada vez mais respeitado e famoso porque apresenta a Guerra do Vietnã por uma perspectiva diferente: a de soldados das forças especiais australianas. Infelizmente o diretor Jeffrey, que já havia feito 2 outros filmes, se fixou dali em diante apenas como produtor. Do elenco, o mais famoso australiano é justamente Bryan Brown, que participou de filmes famosos como Cocktail, F/X, Na Montanha dos Gorilas, a série Pássaros Feridos (e assim se casara com a estrela da série, Rachel Ward, e hoje tem três filhos). William Lawrence Nagle, o autor do Livro, tinha 18 anos quando foi se alistar no Vietnã. Faleceu em 2002. Seu filme manteve a fama de ser realista e dos mais sérios do gênero.

 

INFERNO SEM SAÍDA

Burt Lancaster (1913-94), era famoso também por produzir seus filmes e como antigo homem de circo, era capaz de grandes cenas e ousadias. Na verdade, fora John Wayne (que tinha idolatrado a guerra no Vietnã), foi Lancaster quem procurou um drama sério e honesto, bem intencionado (mas que infelizmente não teve grande sucesso). Começa no início dos anos 60, quando consultores militares norte-americanos enxergam semelhanças entre o conflito com os vietcongues e a derrota dos franceses no Vietnã na década anterior. Antes da versão de Coppola, em Apocalypse Now, aqui eles procuram entender como houve a chamada Guerra da Indochina com os soldados franceses antecipando o conflito. E o título original também se refere a um feito guerreiro, no caso, “Que contem a verdade aos Espartanos”. Melhor explicando: o título vem de uma frase de Simonides, de Ceos, que depois foi usada por Heródoto (historiador grego em 480 antes de Cristo na Grécia) eram os 300 soldados espartanos. Deram sua vida heroicamente. Seu epitáfio foi “Estranho, vá dizer aos espartanos que aqui estamos enterrados obedientes as suas ordens”. Burt aos 64 anos manca no filme porque realmente tinha se machucado no joelho. Foi também Burt que cavalheirescamente financiou o resto do filme quando faltou dinheiro, cerca de 150 mil dólares! O filme foi rodado em plena Califórnia. No começo do filme, um texto explica mais claro: “Em 1954, os franceses perderam a guerra e as colônias da Indochina, que se tornaram o Vietnã do Norte e Sul. Os americanos mandaram conselheiros Militares para ajudar o Vietnã do Sul a combaterem os comunistas. Em 1964, a Guerra do Vietnã era ainda pequena, confusa e distante”.

 

COMANDO DE HERÓIS

Pouca gente ouviu falar em Brian Trenchard Smith (inglês, 1946), que mesmo sendo admirado por Tarantino tem uma carreira misteriosa. Ele tem 56 créditos profissionais de tudo, séries de TV, documentários, ficção desconhecidas e muitos deles desconhecidos até por aqui (os mais recentes seriam Desejo de Vingança, 2013, e Condução Perigosa, 14, aliás os títulos mais recentes. Aqui se conta a história de um sargento durão e seu auxiliar que tentam aumentar o moral das tropas e fortalecer suas defesas à espera de uma feroz batalha com os vietcongues. Dizem que é considerado por veteranos de guerra como um dos filmes mais realistas sobre o conflito e novamente temos a participação de R. Lee Ermey, ainda antes de trabalhar para Kubrick.O roteirista Nagle é um soldado australiano que serviu de 66 a 69 (ele faleceu em 2002) aos 54 anos. O filme não é quase conhecido no Brasil e na maior parte do mundo, mas pode ser explicado quando admiradores declaram: não vejam o filme de coração mole, há um monte de crianças mortas, prostitutas vietnamitas adolescentes, outras se suicidando, enfermeiras americanas e secretárias americanas sendo massacradas pelas metralhadoras de soldados do vietcong, a execução de prisioneiros americanos. O ator mais conhecido do filme é Wings Hauser que tem 114 créditos e uma larga experiência em produções de ação. Entre os mais conhecidos, O Informante, O Anjo de Pedra com Ellen Burstyn, muitas séries de TV.

 

LONGE DO VIETNÃ

De todos os documentários feitos durante o auge da Guerra do Vietnã, este foi o mais elogiado por causa de seu famoso elenco de diretores franceses que fizeram diferentes episódios. Mas seu trabalho tão original e polêmico foi exibido praticamente apenas na França e até hoje ainda é misterioso. Eles são Chris Marker (como supervisor/produtor), Alain Resnais (episódio Claude Ridder interpretado por Bernard Fresson), Jean-Luc Godard (episódio Camera Eye), Claude Lelouch, Agnès Varda, Joris Ivens (diretor holandês, 1898- 1989), William Klein. E mais, Anne Bellec, Maurice Garrel,Karen Blanguernon. São 7 grandes cineastas se unem para fazer um documentário sobre o Vietnã, demonstrando, em seus segmentos, suas reflexões e críticas ao conflito e, também, seu apoio ao povo vietnamita. Tão polemico que extremistas de Direita destruíram parte do cinema Kinopanorama de Paris e assaltaram o gerente na Avenida de La-Motte-Piquet, em Paris em 19 de setembro de 1967. Um dos filmes-símbolo da geração de 68 pronto para ser descoberto!