Já se tornou uma tradição, quase lenda, o fato de que os livros policiais italianos já nos anos 60 se vendiam em capas da cor amarela, que demonstravam a identidade da obra. Assim como na França eram os livros Noir/Negros, na Itália eram os amarelos, em geral escritos por pseudônimos e com grande destaque com as cenas de erotismo e como sempre o aproveitamento de atores estrangeiros que vinham para Cinecittá e Roma para ampliarem sua carreira. Nem todos eles foram exibidos no Brasil, onde uns poucos apenas se vendiam por suas cenas de sexo e estrelas seminuas. Este pacote apresenta dois filmes cada de diretor que só agora são restaurados, Fernando Di Leo e Umberto Lenzi.
MILÃO CALIBRE 9
Di Leo (1932-2003) vinha da Puglia e realizou 47 filmes como roteirista e 23 como diretor e ainda 13 como ator. Mas nunca teve o respeito da crítica nem realizou o sonho de partir para cenas mais ousadas. Seu filme mais lembrado é este. Recém-libertado da prisão, Ugo Piazza quer levar uma vida honesta, mas seus ex-comparsas acham que ele escondeu uma fortuna. Obra-prima ultra violenta do poliziotteschi. O protagonista é Moschin (1929-2017) que também fazia sucesso na comédia e está no Poderoso Chefão II, Confusões a Italiana de Germi e também interpretou o papel célebre de Don Camillo. O ator alemão Mario Adorf também está no filme como vilão (ele é ítalo alemão e ainda esta vivo!). Mas a figura mais lembrada é da belíssima Barbara Bouchet (estrela alemã nascida em 1943, e com 96 créditos). O filme faz parte da Trilogia do Milieu (o “Meio de gangsters”) que inclui ainda Por Ordem da Cosa Nostra (72), e Il Boss (73). A maior parte do elenco foi escolhida na rua e não são profissionais. O elenco do filme tem como coadjuvante outros atores conhecidos como Lionel Stander, Ivo Garrani, Philippe Leroy, Luigi Pistille, Frank Wolff. Música do famoso Luis Bacalov.
O CÍNICO, O INFAME, O VIOLENTO
De Umberto Lenzi (1931-2017). Nascido na Toscana, recém falecido, Lenzi tem 65 créditos como diretor de ação e aventura, muitas delas exibidas no Brasil. Usou pseudônimo por exemplo em A Grande Batalha assinada pelo pseudônimo Hank Logan, Il Grande Attaco com Giuliano Gemma, Helmut Berger, Samantha Eggar. No ano anterior 77 fez este policial acima com Maurizio Merli, o norte-americano John Saxon (ainda hoje em ação e bom de saúde!), Tomas Milian (cubano de nascimento morreu 1033-2017). A historia é sobre Policial que entra em guerra contra um sádico bandido e um chefão da máfia, sabotando os negócios da dupla. Com ótimas sequências de ação e muita violência, este poliziottesco tem senso de humor e violência e é considerado dos melhores do diretor.
POR ORDEM DA COSA NOSTRA
O cinema italiano sempre teve a esperteza de convocar para seus filmes atores ou europeus ou norte-americanos, em geral já especializados em trabalhar em filmes de guerra ou ação ou faroeste. Como neste outro filme de Di Leo que chega a incluir um ator italiano Adolfo Celi (1922-86), que morou muitos anos no Brasil, trabalhando no TBC (grupo teatral brasileiro), como diretor de cinema e foi marido de Tônia Carrero. Muito amigo de Gassman voltou para a Itália onde fez ótima carreira. O astro aqui é novamente o suiço Adorf extremamente premiado em sua terra pelos alemães (com 3 prêmios Bambis, e inúmeros outros prêmios). Já Henry Silva (1928 e ainda vivo), ficou célebre como vilão em clássicos. Tem 138 créditos como em Sob o Domínio do Mal com Sinatra, Viva Zapata, A Flor que Não Morreu com Audrey Hepburn, Estigma da Crueldade, Onze Homens e Um Segredo etc. (um dos maiores bandidos do cinema). Outro astro do faroeste é o lendário negro Woody Strode, afilhado de John Ford, visto em Os Dez Mandamentos, Os Profissionais, O Homem que Matou o Facínora. Sinopse: Quando um carregamento de heroína desaparece entre a Itália e Nova York, um cafetão de Milão é acusado do roubo. Dois assassinos profissionais são enviados em seu encalço. Famoso policial no mesmo estilo de Operação França e Bullitt. Mais destaque ainda para outros atores, como a belíssima Sylva Koscina, Luciana Paluzzi, Femi Benussi, Fanco Fabrizi. Música de Armando Trovaiolli.
QUASE HUMANO
O ator Frances Marc Porel foi contratado para fazer o papel central de Giulio, mas foi rejeitado pela produção (e de fato Porel - 1943-1983 - morreria de overdose) foi substituído pelo cubano Milian. Um criminoso violento sequestra a filha de um milionário, e passa a ser perseguido por um policial determinado a ir além do limite da lei para capturá-lo. Talvez o melhor filme de Lenzi, este é um sangrento e eletrizante poliziottesco. Hoje considerado um clássico do gênero. Música de Ennio Morricone.