Tive muitos amigos (e leitores) que adoravam faroeste e também conheci muita gente (mulheres em particular) que detestam o gênero, que feliz ou infelizmente está fora de moda esse western que já foi chamado de O Cinema americano por excelência. Eu confesso que fui criado vendo cowboys e índios, cavalarias e colonos, e sempre encontrei especial encanto nos bang bangs, em especialmente aqueles que são rodados em esplendidas locações no deserto.
Mas ao contrário do que reza a lenda, eu não vi todos os filmes e na verdade tem alguns que deixei passar, ou porque não tinha grana para assistir, ou como é aqui o caso, porque nunca pensei em me mobilizar para ver um faroeste com astros da televisão de então, em particular Clint Walker. Errei. O que acabo de perceber agora quando consegui finalmente importar dois westerns da Warner, dos anos 58- 60, estrelados pelo gigante Clint (que por sinal ainda está vivo e vivendo da antiga fama). Ambos faz tempo chegaram pela Coleção Warner (Classic) Archive e tem uma falha séria: por economia, foram rodados em preto e branco e teriam ficado muito melhor, se já tivessem usado o colorido na época já acessível e comum. Este Rifle de 15 Tiros já está agora numa nova edição (Fort Dobbs, 58 com Clint Walker, Virginia Mayo) e feito por um artesão de rotina chamado Gordon Douglas (1909-1993). Ele foi ator infantil com Hal Roach, assistente de montagem de direção, roteirista, gagman, estreando na direção em comédias curtas da série Our Gang (uma delas, Board of Education, ganhou um Oscar). Um progresso lento não o levou além de um artesanato frio e de pouca expressão. Estava à vontade em todos os gêneros principalmente faroestes.
Não conhecia direito Clint Walker (embora tivesse aparecido em outros filmes importantes como Os Doze Condenados, Não me Mandem Flores, mas sem deixar marca). Realmente é um gigante bonitão, enorme, canastrão nascido em 1927 e que morreu aos 90 anos em maio de 2018! Ele chegou a lutar na Segunda Guerra e foi descoberto quando era segurança de Hotel em Las Vegas aparecendo como chefe de guarda em Os Dez Mandamentos. Era um gigante de quase dois metros, bombado, de olhos azuis e cabelos escuros. Não era bem ator, mas bastava ficar calado para impressionar. Foi assim que a Warner o utilizou na série de TV Cheyenne, que foi a primeira a fazer grande sucesso no gênero, provocando as imitações. Só que estúdio não queria deixá-lo fazer cinema, sabe-se lá por que, e ele teve que brigar para estrelar esta produção média, que tem o mérito de ter um roteiro escrito pelo especialista Burt Kennedy (que também tinha feito aqueles scripts famosos para Randolph Scott e o diretor Bud Boetticher). Assim a história é muito bem contada, com personagens criveis, bons diálogos e situações. Clint faz Gar Davis, que começa matando alguém sem maiores explicações. Depois foge dos homens do xerife e vai para território dos Comanches (nada de defesa dos nativos americanos, aqui é a velha história de índio perseguindo os colonos e nem há mesmo planos próximos deles). Ajuda uma viúva com filho pequeno (a bela Virginia Mayo, já em fim de estrelato. Melhor esquecer que ela usa uma maquiagem típica dos anos 60!), mas esta acha que ele é culpado pela morte do marido. Se refugiam no forte do título original, mas é a arma que dá o título nacional que irá salvar a situação. Tem ainda participação de Brian Keith, que tem as melhores frases, como traficante desse rifle. O filme veio antes do estouro do spaghetti western e poderia ter sido com Scott. Nada que impressiona, mas ainda existem fãs e eu aprecio sempre eles!