Cr�tica sobre o filme "Colette":

Rubens Ewald Filho
Colette Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/12/2018

Estava entusiasmado em assistir esta biografia de uma das mais interessantes escritoras da França, Colette (1873-1954), famosa por sua criação Gigi (aquela personagem com quem ela já velha chamou Audrey Hepburn para o palco e Leslie Caron, no musical). Em uma vida incrível, ela teve três casamentos e uma vida homossexual com varias mulheres interessantes. Dentre romances/filmes que foram criados por ela, temos A Ingênua Libertina, 50, Chèri, 50, Brotinho e as Respeitosas,59, a série autobiográfica Claudine (que é uma das tramas principais deste filme), mais Amor de Outono (Le Blé en Herbe, 23). Também fizeram outra biografia Becoming Colette, 91, de Danny Huston (91) com Mathilda May, Klaus Maria Brandauer (que infelizmente não pude ver).

A questão aqui é simples, todo o filme é falado e interpretado por ingleses e por mais boa vontade que tenham parece falso em tudo, até na trilha musical banal e em todo o elenco desconexo que parece fora de eixo, isso inclui a normalmente notável Fiona Shaw, que faz sua mãe sem qualquer garra, e o protagonista maior que é um homem apaixonado por ela mas isso não impede que seja um vigarista, chamado aqui de Willy, o suficiente para roubar seus textos e personagens principais. O ator é Dominic West, composto e envelhecido. Talvez a melhor coisa do filme seja a direção de arte e as coadjuvantes, embora mesmo assim parece que houve pudor de ter medo em ir mais adiante no romance lésbico e na caracterização da heroína. A escolhida foi Keira Knightley, muito bem maquiada e vestida, mas sem luz, sem garra, sem a paixão que seria fundamental tanto como mulher quanto escritora rebelde. E como sempre com sua desajustada dentição.

A impressão maior é que a culpa é basicamente desse diretor britânico chamado Wash que tem trabalhado nos EUA e teve boa repercussão com Para sempre Alice (Still Alice) para Julianne Moore (sobre Alzheimer), fora disso é ainda pior com a comédia mexicana Meus 15 Anos e o inédito aqui The Last Robin Hood (que contava o fim da vida de Errol Flynn, mas igualmente sem paixão). Tem também um monte de vídeos e curtas. Mas insisto que por causa do diretor que os erros se sucedem perdendo a loucura, o talento e paixão de uma notável escritora. Se puderem leiam os livros.